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Um novo aumento da gasolina

A Petrobras vendeu gasolina e diesel a um preço 20% maior que o do mercado internacional entre novembro e fins de abril. Trata-se da diferença média de preço nesses meses, segundo gente da direção da empresa.
De acordo com consultores privados, a diferença andava por aí mesmo, entre 17% e 21%. Na semana passada, os mesmos consultores diziam que a alta do petróleo de março para cá, de mais de 20%, e a desvalorização do real deram cabo desse ganho da Petrobras. Vai haver reajuste de gasolina e diesel?

O governo vai baixar o “imposto da gasolina” (Cide), de modo a permitir que a empresa reajuste seus preços sem que o aumento chegue ao consumidor final e à inflação?

O “ganho” da Petrobras de novembro a abril mal triscou as perdas da empresa durante os anos de tabelamento informal de preços, decretado pelo governo Dilma 1 a fim de maquiar a inflação. A depender do período que se inclua na conta, entre outras mumunhas de cálculo, a Petrobras pode ter perdido até R$ 60 bilhões durante os anos do desenvolvimentismo doidivanas (houve momentos, anteriores, em que a empresa ganhou com a diferença de preços).

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Problema agora é saber se a Petrobras terá liberdade de reajustar preços e tocar seus negócios de modo basicamente normal

A repressão de preços arruinou a empresa e negócios conexos; causou descrédito do mercado brasileiro. A inflação arrebentou a represa artificial e nos inunda.

Tudo isso é história velha. O problema agora é saber se a Petrobras terá liberdade de reajustar preços e tocar seus negócios de modo basicamente normal, como pretende seu novo presidente, Aldemir Bendine. Um primeiro teste virá se o custo do petróleo continuar a aumentar, seja devido ao aumento do preço do barril ou do dólar.

A Petrobras ainda está muito arrebentada. Se o tratamento das suas pestes der certo, vai convalescer devagar, recuperação que deve levar meia dúzia de anos. Se voltar a perder dinheiro, vai para o vinagre a despiora recente da imagem, da administração e das perspectivas financeiras da empresa.

Caso a situação das finanças públicas não fosse desastrosa, o governo teria como atenuar as variações de preços dos combustíveis sem desfalcar a Petrobras. Há um imposto que já foi utilizado justamente para tal fim, para regular preços, a Cide, que voltou a ser cobrada neste ano.

Dentro de certos limites, o preço dos combustíveis poderia variar para a Petrobras sem que variasse demais na bomba, bastando regular o tamanho da cobrança do imposto, que serviria de amortecedor. Caso o preço do petróleo subisse ou caísse além da conta, a diferença enfim seria repassada para o consumidor.

Não se trata de modelo ideal, mas, numa economia ainda cheia de esquisitices como a brasileira, era e é um arranjo útil, pragmático. O governo Dilma 1 zerou a cobrança da Cide, também a fim de maquiar a inflação.

Na pindaíba, Dilma 2 voltou a cobrar o imposto, mais por precisão do que por boniteza: para ajudar a tapar o rombo que Dilma 1 deixou no Tesouro Nacional. Logo, parece improvável que o governo vá baixar o imposto a fim de compensar um eventual aumento de preços dos combustíveis para a Petrobras, evitando assim que a conta chegue ao consumidor.

Como se nota, temos um problema.

(Fonte: Folha de S.Paulo)

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