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Um carnaval de combustível caro

Na volta do carnaval, resta ao folião enfrentar um gasto maior para encher o tanque do carro. O álcool hidratado nos postos do Rio está até 12,5% mais caro do que na semana passada, e o preço da gasolina chegou a subir 3,8%. Os motoristas já pagam até R$ 2,429 pelo litro do álcool e R$ 2,739 pelo da gasolina comum no Rio. Os gerentes de postos alegam ter recebido novo estoque de álcool — após o grande consumo do feriadão — com preço maior. Ontem também começou a valer a nova mistura de álcool anidro à gasolina, cuja proporção caiu de 25% para 20%. A medida foi determinada pelo governo para liberar mais álcool no mercado e tentar fazer o preço ceder. A medida, além de não surtir efeito imediato no caso do álcool, ainda encarece mais a gasolina.

O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis do Município do Rio de Janeiro (Sindicomb), José Luiz Mota Afonso, disse que muitos postos já receberam ontem a gasolina R$ 0,04 por litro mais cara das distribuidoras.

— Fizemos o pedido hoje (ontem) e recebemos às 14h, mesma hora em que fizemos a correção no preço. Isso é muito ruim. As pessoas gastam a mesma coisa e compram menos, passam a usar mais transporte público. Diminui o movimento — disse Mario Gama, dono do posto BR no Posto Seis, que reajustou o preço da gasolina em 3% e o do álcool, em 10,73%.

A empresária Renata Dourado estava inconformada ontem. Há um ano, decidiu trocar o carro a gasolina por um flex. Nos primeiros meses, valeu a pena: o gasto semanal de R$ 120 caiu para R$ 50. Mas a cada dia a diferença diminui:

— Agora dá o maior trabalho abastecer. Tem que fazer conta, ver a diferença entre o álcool e gasolina para saber qual combustível usar.

Preço nas usinas bateu recorde

Maria Helena Alves do Nascimento, supervisora de uma loja em Duque de Caxias, roda cerca de 120 quilômetros por dia. Ela lembra que gastava R$ 30 diários em gasolina há um ano. Agora, são R$ 60. Maria Helena torce para não precisar abastecer na Zona Sul:

— As diferenças são enormes.

No posto onde Maria Helena abasteceu, em Botafogo, somente o álcool ficou mais caro: 2,04%.

— Há muito tempo estamos segurando o preço. Fizemos pesquisas nos postos ao redor e verificamos que nosso preço estava defasado — explicou o gerente do posto Repsol, Pablo Maia Gonçalves.

Houve quem já sentisse no bolso o reajuste durante o carnaval:

— Quando fui abastecer o carro no domingo já tinha posto cobrando mais de R$ 1,999 pelo álcool — contou o engenheiro Sérgio Moura.

Em São Paulo, o álcool chegou a subir 14% e passou de R$ 1,999. O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de São Paulo (Sincopetro-SP), José Alberto Paiva Gouveia, admitiu que o aumento ficou acima da previsão de 9%.

O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Cepea/Esalq), informou ontem que o preço médio do álcool hidratado nas usinas ficou em R$ 1,0642 em fevereiro (sem impostos), um recorde histórico. De acordo com a entidade, que monitora os preços desde 1998, o recorde anterior foi batido em fevereiro de 2003, com R$ 1,045 o litro — valor já corrigido pelo IGP-M. O preço do hidratado chegou a R$ 1,153, superando pela primeira vez o valor do anidro, de R$ 1,149 no atacado.

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