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UFF entra na era do biodiesel

A Universidade Federal Fluminense (UFF) começa a despontar como líder na corrida pela produção de biodiesel no Brasil. A universidade montará em Niterói a primeira usina de produção de biodiesel do estado do Rio de Janeiro. Por lei, o combustível deverá abastecer parte da frota brasileira a partir de 2008, e está na mira dos países interessados em fontes alternativas de energia.

A previsão, segundo o pró-reitor de Extensão da universidade, professor Jorge Luiz Barbosa, é de que o projeto fique pronto em maio deste ano.

O projeto piloto já foi apresentado ao Ministério da Agricultura, que está analisando a liberação de recursos para a iniciativa, mas o bairro para sediar o projeto ainda não foi selecionado.

– Essa usina será fundamental também como uma fonte de emprego para os trabalhadores – comenta Barbosa, que ainda não sabe a quantidade de biodiesel a ser produzido na usina.

Enquanto o projeto ainda não sai do papel, a UFF avança em pesquisas e testes com o óleo. No laboratório de Conversão de Baixa Temperatura (CBT) do Instituto de Química, são realizados testes com diferentes tipos de plantas oleaginosas – para encontrar a melhor forma de utilizar o óleo oriundo de cada uma delas.

A universidade mantém, ainda, uma unidade piloto na empresa Sinergia, em Magé, que está em fase experimental e produz cerca de 50 kg de biodiesel por hora, e espera o aumento da produção para gerar energia capaz de abastecer a biblioteca do campus Gragoatá.

Além de testar a produção de biodiesel a partir de dejetos orgânicos, como noticiado no último dia 4 no JB Niterói, a UFF também gera o óleo a partir de restos de alimentos e materiais já utilizados. O fornecimento vem de parcerias com a Comlurb, Cedae, Petroflex, CPFL, Sinergia, Cacique do Paraná e até com vendedores de milho e coco, que fornecem sobras e impulsionam pesquisas com o que iria para o lixo.

A energia das sobras

A produção de uma das mais promissoras fontes de energia alternativas ao petróleo já existe na UFF desde 1998 quando, depois de um pós-doutorado na Alemanha, o professo Gilberto Romeiro trouxe a idéia do processo chamado de pirólise ou Conversão de Baixa Temperatura (CBT).

No método, o óleo de matérias orgânicas que podem produzir energia, as chamadas biomassas – como as sobras de alimentos – são convertidos à temperatura de 400º C, gerando o biodiesel.

– Estamos testando vários tipos de biomassas, como a borra de café, por exemplo, e analisando qual a melhor forma de utilizar o óleo gerado por eles – explica o professor, que coordena os testes em trabalhos de iniciação, mestrado e doutorado da UFF.

As pesquisas também são feitas com sobras como cascas de arroz, côco e café, borra de óleo da produção de algodão e soja , restos de materiais e sementes de vegetais oleaginosos.

Lei abre espaço

A possibilidade de utilizar o biodiesel como uma alternativa ao petróleo se fortaleceu no Brasil no ano passado. O presidente Luis Inácio Lula da Silva estabeleceu como meta para 2008, prevista em Lei, a mistura de, pelo menos, 2% de biodiesel no diesel comercializado nos postos de abastecimento de veículos no país.

A intenção é que a mistura vá adicionando, cada vez mais, o biodiesel. Em 2013, a medida já estabelece um mínimo de 5% do óleo na solução que irá abastecer os veículos no país.

Para cumprir a meta estabelecida para 2008, é preciso que o Brasil fabrique 840 milhões de litros de biodiesel. Mas a corrida pela produção do óleo no Brasil torna as expectativas mais otimistas. O Governo Federal estima que, em 2007, a produção possa chegar a 1,12 bilhão de litros do produto.

Estados do Nordeste despontam na produção a partir da mamona, típica da região. Mas o professor Gilberto Romeiro acha que falta mais união nas pesquisas.

– Os estudos no Brasil não estão integrados – diz.

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