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UE quer que todos falem “uma só voz”

A União Européia (UE) propôs uma nova política energética comunitária para enfrentar “com uma só voz” desafios como o abastecimento de petróleo e gás, depois de advertir sobre a crescente dependência externa do bloco e o ressurgimento de “nacionalismos” em seu interior. No momento em que a UE testemunha uma guerra de fusões e patriotismo econômico entre alguns de seus membros, o presidente da Comissão, José Manuel Durão Barroso, instou os 25 países do bloco a unir forças e “falar a uma só voz” aos grandes produtores mundiais de energia.

“Se quisermos ter uma só voz no plano global, devemos tirar o maior proveito possível do nosso mercado interno e não conservar 25 minimercados de energia”, advertiu ainda Barroso referindo-se à situação em que o bloco se encontra, durante a apresentação de um “Livro Verde” sobre a questão.

Entretanto, a volta do patriotismo econômico, ilustrado pela fusão das francesas Gaz de France e Suez para desativar uma oferta italiana e a oposição da Espanha a uma tentativa de compra da empresa elétrica Endesa por parte do grupo alemão E.ON, é apenas uma parte do problema da UE. O bloco importa mais de 50% da energia que consome e enfrenta, há tempos, uma conjuntura internacional de altos preços do petróleo e problemas de abastecimento, como o que ocorreu há dois meses com o gás russo.

Se não forem tomadas medidas, “dentro de 20 ou 30 anos, cerca de 70% da demanda energética da UE serão cobertos por produtos importados”, advertiu a Comissão Européia. “O combate contra a mudança climática e a segurança do abastecimento são desafios energéticos comuns que requerem soluções comuns”, declarou o comissário europeu da Energia, Andris Piebalgs, ao propor maior “solidariedade entre os países membros”. Neste sentido, o informe de Comissão enumera seis prioridades, referentes à segurança do abastecimento, à diversificação das fontes de energia e à conclusão do mercado interno europeu.

Em seu “Livro Verde”, a Comissão preconiza a criação de um Observatório Europeu de abastecimento energético e uma revisão das regras européias de reservas estratégicas de gás e petróleo para estar realmente em condições de responder a “potenciais perturbações”. Segundo as regras comunitárias atuais, os países membros da UE devem armazenar reservas estratégicas de petróleo equivalentes a 90 dias de consumo normal.

Quanto à diversificação de fontes, a Comissão defende que se “analisem todas as vendas e inconvenientes” dos diferentes tipos de energia, “das renováveis à nuclear, passando pelo carvão”. A UE pretende levar em conta os desafios do aquecimento do planeta e propõe elaborar um novo plano para as fontes de energia renováveis, como o etanol e o biodiesel.

“As tecnologias energéticas eficientes e com baixo teor de carbono constituem um mercado internacional, em rápido crescimento, de bilhões de euros nos próximos anos. Um plano estratégico de tecnologias na área de energia dará à indústria européia a liderança mundial nesta nova geração de tecnologias e processos”, diz o informe.

Para completar o mercado interno de energia o “Livro Verde” apresenta medidas como um plano europeu de interconexões prioritárias, uma autoridade reguladora européia de energia e novas iniciativas que garantam condições de concorrência equitativa.

A questão da energia estará no centro da agenda da cúpula européia de chefes de Estado e governos nos dias 23 e 24 próximos em Bruxelas.

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