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UE precisa rever políticas de investimento e produção de etanol celulósico

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Em entrevista exclusiva para o JornalCana/BIO&Sugar o secretário-geral do ePURE, associação da indústria do etanol da Europa, Rob Vierhout, deu uma panorama atual sobre a situação do biocombustível na Europa. O secretário afirmou que apesar de não haver um mandato específico o consumo de etanol na União Europeia tem crescido de forma moderada e constante, mas está longe de ultrapassar o brasileiro, conforme noticiado na imprensa. Apontou a falta de incentivos para a produção de etanol , especialmente o de segunda geração, e comemorou a decisão da Comissão Europeia de impor uma tarifa antidumping nos etanol americano, em vigor desde 25 de fevereiro. Leia a entrevista completa.

JornalCana — Quais são os números atuais para a produção de etanol e consumo na UE? Quais são as perspectivas para a próxima temporada?

Rob Vierhout — Em 2012 foram produzidos 7,2 bilhões de litros (dos quais 5 bilhões de litros de combustível) e o consumo foi de 8,2 bilhões de litros, sendo 6,2 bilhões de litros de combustível. As importações atingiram a marca de 1 bilhão de litros.Tem havido um crescimento moderado e constante da produção e do consumo ao longo dos últimos anos e esperamos que isso continue.

Alguns dados divulgados por um jornal brasileiro, citando acesso exclusivo a um documento da Comissão Europeia, afirmaram que o consumo europeu de etanol deve superar o brasileiro em 20% até 2022. Você está familiarizado com este documento?

Não, não estamos familiarizados com este documento, Acreditamos que seja extremamente improvável (quase impossível) que o consumo de etanol da EU vá ultrapassar o consumo de etanol no Brasil até 2022.

Há investimentos sendo feitos para aumentar a produção do biocombustível?

Com o atual quadro político da UE para os biocombustíveis há muita incerteza para a realização de investimentos e não temos expectativa de nenhum grande projeto neste momento.

E projetos de etanol de segunda geração?

Atualmente, o quadro político na UE não é favorável ao etanol de segunda geração, e acreditamos que o bloco precisa rever as suas políticas para estimular o investimento e a produção de etanol celulósico.

Três de nossas empresas associadas operam plantas de demonstração de segunda geração: Abengoa , Clariant e Inbicon, com capacidade de produção combinada de 11,6 milhões de litros. Há uma planta 2G atualmente em construção na Itália, pela Mossi & Ghisolfi Grupo, que terá capacidade anual de 50 milhões litros.

Há perspectiva da UE precisar importar etanol do Brasil?

A UE tem capacidade de produção suficiente para atender a demanda existente. No entanto, devido à natureza aberta do mercado de etanol da UE, sempre houve a importação de etanol, e elas irão continuar. As importações dependem muito da economia e também dos fluxos comerciais entre a UE e outros países.

A Comissão Europeia aprovou a imposição de uma tarifa antidumping de 9,6 por cento em todo o etanol proveniente dos Estados Unidos. Qual sua posição sobre o assunto?

Como autores do processo, ficamos muito satisfeitos com a decisão da Comissão. É um resultado positivo para a indústria da UE, porque os produtores europeus de etanol têm sido injustamente prejudicados pelo dumping de etanol americano no mercado da UE. Esse resultado positivo é não só uma compensação pelos danos passados, como também cria precedentes para os desafios que a indústria enfrentará no futuro.

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