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UE defende corte maior em subsídios agrícolas nos EUA

De Genebra

A União Européia (UE) teve a reação mais incisiva à proposta de nova lei agrícola dos EUA, que aponta para redução de US$ 18 bilhões nos subsídios agrícolas em cinco anos. Bruxelas avisou que, se quiserem nova rodada global de liberalização comercial, os EUA precisam fazer mais cortes e também aceitar disciplinas que controlem e limitem a ajuda por produto.

O G-20, liderado pelo Brasil, montou um grupo de trabalho para examinar a Farm Bill. Para o embaixador Clodoaldo Hugueney, a proposta aponta para onde os EUA querem ir em termos de reforma agrícola, mas é cedo para dizer se ajudará ou não a desbloquear Doha. Marcos Jank, do Icone, Instituto de Estudos de Negociações do Comércio Internacional, constatou que os EUA transferiram muitos programas para categorias de subsídios que agora passariam a ser autorizados (verde).

De fato, a conta que os lobbies agrícolas americanos vão fazer é o quanto ganham ou perdem com a transferência de programas entre o que é autorizado pela Organização Mundial do Comércio (OMC) e o que pode ser contestado. Em seu comunicado, a UE diz que precisa de mais tempo para analisar a proposta. Mas acha que ela é insuficiente. Exemplifica que os EUA sequer tocaram nos subsídios para açúcar e lácteos. A queixa foi recebida com ironia, pois os europeus estão longe de poder dar lições. Bruxelas insiste que fez uma boa oferta para cortar em 70% os subsídios e espera que os EUA venham com oferta à altura.

Também a central agrícola européia Copa-Cogeca foi dura com a proposta americana. “Ou os EUA não são sérios sobre um acordo na OMC ou querem um acordo às custas dos agricultores do resto do mundo”, diz. Os europeus alegam que a proposta dos EUA aumenta em US$ 5 bilhões a ajuda a seus agricultores, pois serão compensados por baixa safra. Em contrapartida, a proposta européia na OMC significa contração de 37 bilhões de euros na agricultura européia, cortando 25% da renda dos agricultor – cifras consideradas exageradas por Bruxelas.

Uma das questões sem resposta clara é qual o montante global de subsídio que distorce o comércio, com a nova Farm Bill. Jank, do Icone, estima a princípio que o montante pode variar entre US$ 14 bilhões e US$ 22 bilhões, dependendo dos preços das commodities. Os europeus e outros parceiros assumem que os preços das commodities continuarão elevados. Se é assim, os subsídios baixam. Mas se os preços caem, as subvenções que distorcem o comércio podem ir muito além do que a proposta indica. AM

http://www.valor.com.br/valoreconomico/285/agronegocios/179/UE+defende+corte+maior+em+subsidios+agricolas+nos+EUA,,,179,4138937.html

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