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UE ameaça projeto brasileiro de produção de biocombustível

A crescente oposição na Europa ao uso mais amplo de biocombustíveis já preocupa autoridades brasileiras. Teme-se que essa política prejudique o projeto estratégico do Brasil de transformar o etanol em commodity mundial e que desestimule outros países, como o Japão, a ampliar o uso de biocombustíveis. “A mudança de humor da Europa em relação ao etanol é muito séria”, disse um diplomata brasileiro na região que pediu para não ser identificado.

A Alemanha voltou atrás, na sexta-feira, da sua decisão de dobrar para 10% a mistura de etanol à gasolina. Na quinta, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, acusou Brasil e EUA de dumping de biocombustíveis. Em março, o Reino Unido retirou o financiamento a um programa de etanol. Segundo avaliação da Comissão Européia, os biocombustíveis sofrem ataques de duas frentes.

Do lado ambiental, vem se questionando o seu benefício no combate ao aquecimento global e teme-se que eles estimulem a devastação de florestas. Do lado social, eles estão sendo responsabilizados por parte da expressiva alta dos preços das commodities agrícolas, o que vem elevando a inflação em todo o mundo e ameaça causar fome em países pobres.

A Comissão Européia vem sendo pressionada por ONGs ambientalistas para abandonar sua proposta de uso de 10% de biocombustíveis até 2020. Por enquanto, a entidade continua apoiando a proposta, mas diz que as ONGs estão estigmatizando os biocombustíveis como ocorreu com os transgênicos. Um sinal disso foi a recente adoção, por grupos ambientalistas e partidos verdes, do termo agrocombustíveis, menos positivo que biocombustíveis.

Representantes do setor de etanol no Brasil vêem interesses comerciais, desinformação e má-fé por trás dessa mudança de humor na Europa. Para Géraldine Kutas, assessora internacional da União da Indústria de Cana-de Açúcar (Unica), a indústria automobilística européia está investindo em motores a diesel e não tem interesse no etanol.

Outro mito disseminado na Europa é que o Brasil vai desmatar a Amazônia para plantar cana, como a Indonésia faz para plantar dendê para biodiesel. “Isso não é desconhecimento, é má-fé mesmo”, disse José Carlos Hausknecht, sócio da MB Agro.

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