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Tunísia tem interesse em tecnologia agrícola brasileira

Depois de passar pela Líbia e Argélia, a missão comercial de empresários brasileiros, chefiada pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, chegou à Tunísia, também no Norte da África

Logo no primeiro encontro, o presidente da União Tunisiana das Indústrias, Comércio e Artesanato, Hédi Djilani, destacou o interesse pela transferência de tecnologia brasileira para projetos na agricultura, no processamento de alimentos, transportes e energia. Os empresários da Tunísia também manifestaram interesse em importar máquinas e equipamentos para obras de infra-estrutura que estão em andamento no país.

A mineradora Vale é uma das empresas brasileiras que deve se instalar na Tunísia até o final do ano. O projeto, avaliado em US$ 2 bilhões, é para a exploração de uma mina de fosfato e, segundo o ministro Miguel Jorge, toda a documentação exigida pelo governo da Tunísia já foi apresentada.

A contrapartida será o compromisso da mineradora de transferir toda a tecnologia de exploração para a Tunísia, que hoje é uma das maiores exportadoras do mineral, um dos principais insumos para a produção de fertilizantes. O Brasil é um dos grandes importadores da produção tunisiana, que no ano passado chegou a 78,19% entre os cerca de 10 itens importados.

“Esta mina de fosfato na Tunísia é uma das maiores do mundo e toda a exploração feita pela Vale será remetida ao Brasil, que hoje importa o produto a fim de fabricar fertilizantes para a agricultura. Os investimentos no projeto são todos da Vale e a expectativa é de que sejam criados entre 18 e 20 mil empregos”, acrescentou.

Atualmente o Brasil exporta para a Tunísia também cerca de 10 itens, sendo que os principais são açúcar de cana e de beterraba, óleo de soja bruto e refinado, café não torrado, milho em grão e carne bovina desossada.

De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), no ano passado, as exportações brasileiras para a Tunísia somaram US$ 221 milhões, um aumento de 30,7% sobre 2007. As importações brasileiras da Tunísia cresceram 78,8% no mesmo período.

Postura mais agressiva para conquistar novos mercados

O Brasil deve ser mais agressivo para conquistar mercados hoje dominados pela União Europeia. A declaração é do embaixador do Brasil na Argélia, Sérgio França Danese. Segundo ele, a crise financeira que atinge os mercados internacionais traz preocupações, pois já está refletindo em um acirramento da disputa pelos melhores produtos e por melhores preços. No entanto, conforme enfatizou o embaixador, o Brasil não deve estar ausente dessa disputa e os empresários devem continuar apostando na sua competitividade.

“Para os países do Norte da África (Líbia, Argélia, Tunísia e Marrocos), o Brasil é um modelo de desenvolvimento, só que os governos e empresários desses países precisam conhecer melhor o nosso potencial em diversos setores, inclusive nossa tecnologia em pesquisas”, acrescentou Danese.

Ao acompanhar na Argélia a delegação de empresários brasileiros em missão comercial ao norte da África, o embaixador destacou que os encontros entre empresários dos dois países são fundamentais para que a ideia de cooperação sul-sul não fique somente no discurso. “A economia argelina está se abrindo agora e há uma demanda reprimida muito grande, que pode ser preenchida pelos brasileiros. Por isso é importante o contato entre governos e empresários”, disse.

A Argélia tem hoje uma população de 34 milhões de habitantes, dos quais 2,5 milhões vivem na capital Argel. Segundo dados da Office National des Statistiques, o desemprego atinge cerca de 12% da população ativa, estimada em pouco mais de 10 milhões de pessoas. “A chegada de novos negócios certamente trará mais emprego para os argelinos”, acrescentou.

A economia do país gira em torno da produção e exportação de petróleo e gás e cerca de 45% das necessidades alimentares da Argélia são oriundas de importação. Ainda de acordo com o embaixador do Brasil na Argélia, atualmente cerca de 50 brasileiros vivem no país. A maioria, segundo ele, presta serviços para uma construtora brasileira instalada na capital. (Cristiane Ribeiro)

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