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Três perguntas para Hélio Tavares Santos Junior, diretor superintendente da Usina Ruette​

2014-08-25 MasterCana Centro Sul Helio Tavares Santos Junior (1)1- Com empresas em recuperação judicial desde 2005 , o setor não tem nenhum caso de usinas que se “salvaram” com este recurso. Qual sua avaliação sobre isso?

É fato que até hoje nenhuma usina teve sucesso em uma recuperação judicial , mas devemos ponderar alguns aspectos, como por exemplo a lei que rege estas recuperações, que a pesar de ser uma evolução em relação à antiga lei das falências, ainda é um instrumentos muito frágil para a recuperação de uma unidade sucroenergética. Em virtude do seu ciclo de negócios ser de longo prazo e exigir grandes quantidades de capital de giro e alta alavancagem em moeda estrangeira, além de envolver inúmeros tipos de parceiros no negócio, desde de Bancos, trading companies, fornecedores de cana e arrendatários. Sem falar no Estado, que possui um volume incomensurável e complicado de tributos. Devido a esta alta quantidade de interesses que sempre são de curto prazo e imediatos em uma recuperação, fica muito difícil costurar acordos que realmente propiciem a recuperação da empresa. Outro fator importante é que as empresas que até hoje entraram em recuperação judicial já haviam ultrapassado o limite viável , ou seja, demoraram muito, e neste processo de letargia na tomada de decisão exauririam seus principais ativos, os canaviais e parques industriais. Desta forma é difícil de acreditar que alguma organização do setor terá sucesso.

2- É possível atuar no intuito de evitar e prevenir que a empresa entre em recuperação judicial?

Apesar de uma situação macroeconômica desfavorável nos últimos 4 anos no Brasil  e da decisão do governo federal de abandonar o setor à sua própria sorte ao invés de praticar uma política de controle inflacionário, é possível prevenir a recuperação judicial. Este processo começa com uma gestão agroindustrial bem conduzida, buscando melhores rendimentos agroindustriais através do controle das atividades e processos, com contínuo planejamento de todas as atividades. Realizar investimentos em ativos que realmente tragam retorno, buscar parcerias de longo prazo com proprietários de terra e de cana-de-açúcar, sem esquecer do crescimento sustentável da produção em nossos canaviais; são fatores importantes. As gestões comercial e financeira devem considerar os seus riscos de curto e longo prazo e os seus devidos instrumentos de hedge para que não se fique exposto às variações cambiais e de juros.

3- Os bancos oferecem auxílio para que isso seja feito?

Os bancos poderiam ajudar muito mais do que estão fazendo, visto que os mesmos também são responsáveis pela situação, suas avaliações forneceram crédito para estas usinas e desta forma não podem simplesmente abandonar o setor como vemos em muitos casos. Eles sabem que o negócio é de longo prazo e com baixa rentabilidade, as vezes até negativa. Logo o alongamento dos passivos é importante para o sucesso de uma recuperação judicial, é isso que os bancos devem  fazer de forma mais efetiva.

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