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Transportes pressionam e IPCA sobe 0,59% em janeiro

São Paulo, Aceleração deverá ser compensada ao longo do ano, segundo avaliação de economistas. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de janeiro, divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ficou um pouco acima da média de projeções feita por analistas de mercado, com uma aceleração de 0,23 ponto percentual, passando de uma alta de 0,36% em dezembro para 0,59%, em relação a um índice médio esperado de 0,55%.

Os núcleos também aceleraram. O núcleo por exclusão passou de alta de 0,30% em dezembro para 0,86%. O núcleo por médias aparadas com suavização passou de 0,43% para 0,61% e o sem suavização foi de 0,33% para 0,61%, segundo cálculo de economistas.

Apesar disso, economistas mantêm a perspectiva de queda de juros e de convergência do índice anual para a meta de 4,5% estipulada pelo Banco Central. “Veio no geral um pouco pior que o esperado. Dado o otimismo que o mercado estava, deixa um pouco em alerta. Não muda a perspectiva de queda de juro, mas pode aumentar o debate sobre o ritmo de queda”, informou à Reuters Adauto Lima, economista-chefe do WestLB do Brasil .

Para Vladimir Caramaschi, economista-chefe da Fator Corretora, os mercados podem ter uma reação inicial pouco positiva, com os juros futuros subindo. Mas ele contrabalançou o número alto de janeiro com dados mais baixos das primeiras leituras de fevereiro. “O mercado hoje tende a ter uma reação negativa, mas moderada, porque os índices do início de fevereiro estão vindo abaixo do esperado”, disse. (ver mais sobre a reação do mercado financeiro à página B-1).

Na quarta-feira, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulgou o Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), de 0,45%, abaixo da apuração anterior, de 0,65%.

No entanto, ao comentar o IPCA de janeiro, a gerente de Índices de Preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos, adiantou que para fevereiro a principal pressão no IPCA virá das mensalidades escolares, que já foram apontadas como fator de aceleração dos índices de janeiro, segundo informou a Agência Brasil.

Segundo Eulina, o IPCA do primeiro mês do ano sofreu pressão do aumento dos custos com transportes, sendo a principal influência proveniente da alta dos combustíveis, em especial do álcool combustível, que gerou impacto de 0,11 ponto percentual no índice.

“Com a elevação dos preços da cana-de-açúcar, houve uma repercussão forte sobre os preços do álcool e o aumento foi de quase 10% nas bombas. A gasolina, que tem 25% do álcool em sua composição, subiu em média 1,19%.”

A economista também destacou o impacto, de 0,09 ponto percentual, do transporte público, já que as passagens dos ônibus urbanos, que representam a principal parcela das despesas das famílias no cálculo da inflação, subiram 1,82% em média, devido aos aumentos em regiões como Brasília (reajuste de 21,05%), Belo Horizonte (12,5) e Rio de Janeiro (5,56%). Planos de saúde também exerceram pressão, de 1,89 %, ante uma média mensal 1%.

Em relatório, a LCA Consultores também destacou a aceleração de preços de itens não-comercializáveis, “que parece sobrepujar aspectos sazonais”. Para a consultoria, o movimento pode estar relacionado à divulgação do reajuste do salário mínimo, que orienta os aumentos de preços de diversos serviços, em especial pessoais.

Os consultores advertem, porém, que esse aceleração deve ser compensada, ao longo do ano, pelo recuo dos preços administráveis e mantiveram, portanto, a projeção do IPCA para 2006 de 4,6%, pouco acima da meta.

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