O cenário atual acelerou o processo de transformação digital das usinas de cana. Isso, porque em um setor extremamente competitivo, os custos, a produtividade e a eficiência são determinantes para a sobrevivência dos grupos e unidades produtoras. Para fazer frente a esses desafios — amplificados pelas demandas geradas nesse ano pela pandemia da Covid-19 — a consolidação do processo de transformação digital precisa ser avaliada pelos gestores das usinas com urgência.
Durante o webinar “A Transformação Digital como Estratégia para a Competitividade e Rentabilidade das Usinas” realizado no dia 14 de outubro, foi ressaltado o que é preciso para implantar uma estratégia adequada de transformação digital que contemple a competitividade e rentabilidade das usinas. Com mediação do diretor da ProCana Brasil, Josias Messias, o webinar contou com patrocínio da Dimastec; HB Saúde; GDT by Pró-Usinas e S-PAA Soteica.

Alexandre Maganhato, gerente de TI Corporativo, da Atvos, destacou que a transformação digital já está presente na companhia e deve potencializar ainda mais seus resultados, que já são significativos. Na última safra, a empresa processou 26,9 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, equivalente a 1% em comparação com à safra anterior; produziu 2 bilhões de litros de etanol (hidratado e anidro) e fabricou 235 mil toneladas de açúcar VHP. Em relação a cogeração de energia elétrica a partir da biomassa, o grupo gerou 2,8 mil GWh.
Quanto à receita líquida, fechou com R$ 4,5 bilhões, um crescimento de 6% em relação à safra de 2018/19. O Ebitda ajustado de R$ 1,5 bilhão foi 2% superior ao registrado no ciclo anterior e a margem bruta alcançou R$ 246 milhões ante os R$ 177 milhões do ciclo antecessor.
Pelos resultados mais recentes que a Atvos obteve, concluí se, portanto, que a rentabilidade passa por uma série de melhorias nos processos graças a transformação digital que vem sendo implementada nas unidades. “Possuímos Chatbot/IA; RPA; SAP Cloud Platform para aplicativos móbile”, afirma o gerente de TI Corporativo, ao destacar algumas delas.
Além disso, ele inclui que há um Centro de Planejamento Agrícola Centralizado, com CFTV, Rádio, indicadores de moagem e produção de hora em hora. Fora isso, também é feita uma distribuição dos indicadores, que chega diretamente nos celulares dos líderes (Kaizala) e um BW para diversas áreas. “Sendo que os usuários tem liberdade para criar seus relatórios/indicadores usando Power BI”, explica.
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A transformação digital também vem contribuindo para a Usina São Domingos bater diversos recordes de produção. Na safra 19/20, considerada até então a maior de sua história, foram moídas cerca de 2,4 milhões de toneladas de cana. Na 20/21, novo recorde histórico deve ser alcançado até o final de novembro. Serão esmagadas 2,7 milhões de toneladas, equivalente a um aumento de 17% em relação ao ciclo anterior. Além disso, produziu 4,6 milhões de sacas de açúcar (50kg), 79 milhões de litros de etanol e exportando 23 mil MWH de energia cogerada — com 91% de eficiência industrial.

Agora, a São Domingos quer alcançar novos recordes. Para isso continua investindo pesado na transformação digital. Primeiramente na área agrícola, através de computadores de bordo e em transponders. Na indústria, a São Domingos é a 50ª usina a adquirir o software S-PAA, da Soteica. A expectativa com a implantação do sistema de Otimização em Tempo Real (RTO) na área de cogeração e embebição da moenda, é reduzir o consumo de vapor, ampliar a cogeração, além de aumentar sua eficiência industrial, esmagando mais cana-de-açúcar e produzindo mais açúcar e etanol sem grandes investimentos na configuração da planta industrial.
“Desenvolvemos uma ferramenta de inteligência artificial e telemetria que estará interligada, por exemplo, nos computadores de bordo das máquinas agrícolas, nos dando informação de registro e alertas em tempo real. Possuímos também um sistema que gera uma representação gráfica da maturidade na adoção de novas tecnologias”, detalha Ariel Souza, gerente de TI da companhia.
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Durante o evento, Dimas Fausto, presidente da Dimastec, destacou como a transformação digital revolucionou a marcação de ponto e apresentou soluções da companhia, como o App DT FACEUM com reconhecimento facial e IA. “É um revolucionário aplicativo que leva mobilidade à marcação do ponto onde quer que o colaborador esteja”, disse. O aplicativo é instalado em aparelhos que utilizam Android e funciona como um relógio de ponto na plataforma digital, que utiliza inteligência artificial e integra-se com qualquer sistema ERP do mercado ou que a empresa já esteja utilizando.

A ferramenta possibilita, através de uma demarcação, que o administrador limite áreas onde o ponto pode ser batido, evitando assim que o colaborador esteja em outro local durante o expediente. O DT Faceum utiliza a geolocalização no Google Maps, para exibir os pontos onde ficam as zonas demarcadas. Assim como possibilita dar as entradas e saídas de ponto do colaborador, por dispositivo e times e relatórios AFD (Arquivo Fonte de Dados) para auditoria fiscal do trabalho.
“Com a inteligência artificial é possível disponibilizar as marcações de ponto e ter no mesmo dia, os relatórios com as horas disponíveis e as que estão excedendo de cada trabalhador. É um ganho muito grande de produtividade e de gestão, facilitando a vida do RH”, pontuou.
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A Usina Nardini é uma das empresas em via de implantar o sistema com o projeto Facetc – Reconhecimento Facial. De acordo com Elvis Evangelista, gerente de TI da companhia, a iniciativa faz parte do processo de modernização que vem sendo implantado na usina, que tem um unidade no Estado de São Paulo e uma em construção, no Estado goiano. “Traçamos um comparativo entre o cenário atual e o proposto, demostrando redução de custo e iniciação tecnológica com melhoria do processo de coleta de pontos, tudo projetado em 36 meses”, contou.

No que se refere à inovação, a usina também tem implantado o Projeto Gênio 4.0 que faz toda a gestão de inteligência operacional da companhia, que automatizou toda o plantio e a colheita e agora parte para a automatização na balança. Assim como o Projeto de Manejo Sustentáveis de Praga, o Shield, que visa a redução de pragas através do monitoramento no tempo certo, manejo mais sustentável, uso de agentes biológicos e o uso racional de inseticida.
“O projeto possibilita uma visão sistêmica, melhor gestão e monitoramento de pragas, assim como, o compartilhamento de informações entre usuários e maior interação da equipe, entre outros benefícios”, afirmou.
Esta matéria faz parte da edição de outubro do JornalCana.
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