Usinas

Tonon e USJ tiveram prejuízo no 1º trimestre

Unidade Santa Cândida, do Grupo Tonon
Unidade Santa Cândida, do Grupo Tonon

Dois grupos sucroalcooleiros divulgaram ontem seus balanços referentes ao trimestre encerrado em 30 de junho, o primeiro do ciclo 2015/16. E ambos, tanto o Grupo USJ quanto a Tonon Bioenergia, apresentaram prejuízos e passivos de curto prazo maiores que os ativos de igual vencimento. A Tonon informou a investidores cálculos que indicam uma melhora (proforma) de sua liquidez imediata, após uma renegociação de dívidas e a obtenção de um empréstimo depois de 30 de junho – já no segundo trimestre da safra. Já o grupo USJ afirmou que, entre as medidas em curso, está a venda de terras.

Ao fim do primeiro trimestre, a Tonon tinha um passivo de curto prazo R$ 347,7 milhões superior ao ativo de vencimento em até 12 meses. A capacidade da empresa, que tem três usinas no Centro-Sul, de gerar “dinheiro” rápido era de R$ 116 milhões naquele momento, insuficiente para cobrir os compromissos de curto prazo. Mas, em julho, a empresa conclui as operações que aliviaram, em parte, essa pressão.

Recebeu um aporte do acionista Brotas Fundo de Investimento, via um adiantamento para futuro aumento de capital equivalente a R$ 50 milhões. Concluiu também a troca de um dos seus bonds – que, em suma, significou a redução de dois pontos percentuais na taxa de remuneração do bond e a possibilidade de não pagamento de cupons semestrais nos dois primeiros anos. Conseguiu, ainda, captar US$ 70 milhões, dos quais US$ 67 milhões já foram desembolsados.

Com isso, a Tonon conseguiu elevar sua posição de liquidez imediata. “Se todas essas operações tivessem ocorrido até o fim do 1º trimestre da safra, essa posição de liquidez não seria de R$ 116 milhões, mas de R$ 300 milhões, considerando caixa, equivalente caixa, estoques e contas a receber”, afirma o presidente da Tonon, Rodrigo Aguiar.

Depois de postergar parte importante dos seus encargos por dois anos, a companhia busca melhorar sua performance operacional, após registrar queda de moagem no ciclo passado provocada por problemas climáticos. Até 30 de junho, o processamento acumulado de cana de 2015/16 havia recuado 15%, para 2,2 milhões de toneladas, devido à ocorrência de chuvas em junho. Mas, conforme Aguiar, uma recuperação está em curso desde então, com o estabelecimento de um clima mais seco. No trimestre findo em 30 de junho, a Tonon teve um prejuízo líquido de R$ 24,9 milhões, ante a perda líquida de R$ 29,6 milhões de igual intervalo do ano fiscal anterior.

Já o grupo USJ apresentou um prejuízo líquido atribuído aos controladores de R$ 55,9 milhões, ante a perda de R$ 36,2 milhões de igual intervalo do ciclo passado. Em 30 de junho, a dívida líquida da companhia estava em R$ 1,195 bilhão, 1,87% acima do registrado no trimestre imediatamente anterior, findo em 31 de março. O grupo, que pretende vender terras para diminuir sua pressão de curto prazo, informou em conferência que, a última avaliação feita, indicou que suas terras valem cerca de R$ 1,1 bilhão.

Conforme analistas, o ponto de alerta para os próximos trimestres é o efeito da valorização do dólar na dívida dessas companhias. Em 30 de junho, último dia do trimestre ao qual se referem os balanços, a moeda americana estava em R$ 3,10. Desde então, houve uma valorização de 18%, para R$ 3,67.

(Fonte: Valor Econômico)