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Terra fértil para investimentos em cana

O aumento da demanda brasileira por álcool, puxado pelas vendas crescentes de automóveis bicombustível, é suficiente para exigir do setor sucroalcooleiro nacional uma expansão de 33% em área e produção de cana-de-açúcar até 2013. Esta é a conclusão de um estudo realizado pelo Departamento de Cana-de-açúcar e Agroenergia do Ministério da Agricultura, que não leva em conta o ainda indefinido impulso que o setor espera ter no mercado externo com a adição do álcool em combustíveis na Europa, Ásia e Estados Unidos.

Segundo o estudo, para ampliar a produção de álcool em 10,8 bilhões de litros por ano (atualmente são 15,1 bilhões), o setor precisará expandir a área plantada de cana em 1,8 milhão de hectares, ante os atuais 6 milhões, e elevar a produção da cultura das atuais 390 milhões para 517 milhões de toneladas. “No mercado externo também há sinais positivos para o álcool brasileiro, mas o mercado interno ainda terá grande peso nas decisões de investimento do setor”, diz Ângelo Bressan Filho, diretor do departamento de cana.

Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica), diz que não é possível calcular os investimentos necessários para atender a essa demanda, tendo em vista que parte da expansão virá de produtividade e modernização das usinas. Segundo cálculos da Unica, cada tonelada de cana processada demanda aporte de US$ 40 na usina. Padua observa que há 40 projetos de usinas em andamento no país, com conclusão prevista para até 2010 e investimentos de US$ 4 bilhões a US$ 5 bilhões. Tais unidades deverão elevar a capacidade de processamento em até 80 milhões de toneladas de cana por ano.

Ainda conforme o estudo do ministério, para atender à expansão das exportações de açúcar – que deverão pular de 17,3 milhões ao ano para 37 milhões de toneladas até 2013 – o setor também precisará elevar a área de cana em 1,3 milhão de hectares e a produção em 89 milhões de toneladas.

O cálculo leva em conta o crescimento do consumo mundial de 2% a 3% por ano – para 166,6 milhões no período. “O país tende a ganhar espaço com a reforça do regime do açúcar da Europa”, disse Bressan (ver abaixo). Ao todo, o ministério estima que a produção de cana crescerá 55% em oito anos, para 600 milhões de toneladas, e ocupará 9,1 milhões de hectares.

Além dos projetos em curso, uma fonte do setor diz que uma empresa internacional vai investir na instalação de uma usina em São Paulo até 2007, com capacidade para 300 milhões de litros de álcool/ano, voltada para exportação. Recentemente, a coreana Cheil Jedang Corporation informou que investirá cerca de US$ 100 milhões em uma usina em Piracicaba (SP).

Philippe Meeùs, diretor da subsidiária brasileira da trading suíça Alcotra, está entre os que acreditam que o setor também deverá se expandir para atender à demanda internacional de álcool. Ele prevê para o Brasil expansão das exportações dos 2,5 bilhões de litros, em 2004, para 5 bilhões até 2007. O salto, diz, se dará principalmente com vendas para o Japão, que vai implantar mistura de álcool na gasolina, gerando demanda de 2 bilhões de litros por ano até 2012.

Meeùs afirma que há outros mercados potenciais, como a Europa, que tem projeto para que inserir o álcool na sua matriz energética e, até 2012, deverá elevar as importações dos atuais 300 milhões de litros para 1,2 bilhão de litros por ano. Ele também estima que as compras de álcool pelos EUA vão crescer de 500 milhões de litros por ano no período, para 2 bilhões, com a mudança nas regras de adição de álcool nos combustíveis. Os executivos participaram do seminário Ethanol Export Brazil, realizado pelo International Business Communications (IBC).

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