A Tereos lançou nesta semana seu primeiro relatório de sustentabilidade no Brasil. Mais do que divulgar ao mercado as iniciativas sustentáveis do grupo, o documento tem como objetivo demonstrar a importância do tema para seu público interno, funcionários e colaboradores.
O diretor-presidente da empresa no país, Pierre Santoul, afirma que nesse momento de transição para economia de baixo carbono, é preciso “subir o nível de conscientização da empresa. Seremos avaliados externamente a partir de critérios ESG, por isso a necessidade de um forte engajamento”.
Segundo Santoul, será cada vez maior a exigência por modelos de produção de baixa emissão. “O agronegócio terá de crescer em produtividade e tecnologia, não há espaço para aumento de terras utilizadas”, diz ele.
Para Santoul não chegaremos ao carbono zero com uma solução única. “Com a mudança da matriz energética do setor de transportes, há também o desafio de garantir que o etanol seja reconhecido como uma solução para a descarbonização da mobilidade, em conjunto com o carro elétrico”.
A Tereos tem apostado em financiamentos verdes, atrelados a metas de sustentabilidade. Na safra 2020/2021, o valor desses financiamentos chegou a 1 bilhão de reais. No primeiro trimestre deste ano, subiu para 1,5 bilhão de reais. Segundo Santoul, o setor deve investir na cogeração de energia e no melhor aproveitamento da vinhaça na produção do biogás.
LEIA MAIS > Copersucar supera a marca de 8 milhões de CBios emitidos
Neste ano, a empresa emitiu a primeira debênture de infraestrutura no valor de R$ 480 milhões. Foi a maior transação de mercados de capitais (oferta total de R$ 640 milhões) realizada pela companhia dentre as cinco já emitidas. “O montante financiará investimentos em plantio de cana-de-açúcar à produção de etanol. Além do uso dos recursos voltados a investimentos e biocombustíveis, conforme previsto pela regulamentação das debêntures de infraestrutura, a emissão conta com o certificado verde da Sitawi, consultoria especializada em finanças sustentáveis.
Com o prazo de seis anos, a emissão foi coordenada pela XP Investimentos, BTG Pactual e UBS BB, além de contar com a FG/A como assessora financeira da companhia. A Tereos recebeu rating AA- em escala nacional pela S&P Global Ratings.
Projetos acelerados
A Tereos também concluiu a emissão de R$ 348 milhões em Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) – certificados pela consultoria Sitawi – e recebeu US$ 30 milhões da Instituição Financeira de Desenvolvimento da França – a Proparco – para financiar projetos na área de produção de energia limpa a partir de fontes sustentáveis, e projetos ligados à redução de consumo de água, entre outros.
LEIA MAIS > Estiva é campeã nacional por qualidade dos canaviais
Finalizou também o primeiro financiamento sustentável do setor sucroenergético brasileiro com empréstimo de longo prazo, no valor de US$ 105 milhões, operação estruturada com um sindicato de sete bancos e ligada a quatro metas ambientais: redução anual de gases de efeito estufa por tonelada de cana processada; diminuição anual do consumo de água por tonelada de cana processada; aumento por ano da porcentagem de cana certificada e melhoria na pontuação de avaliação formal de critérios ambientais, sociais e de governança (ESG, na sigla em inglês).
Ainda no relatório, entre outros destaques, a companhia informa que possui um programa robusto para calcular e monitorar as emissões de gases de efeito estufa em suas sete unidades, sob a coordenação do setor de Sustentabilidade. “A quantificação é fundamental para criarmos estratégias de mitigação, bem como implantar melhorias na gestão e no processo produtivo. Afinal, adquirimos “financiamentos verdes”, com metas de reduzir 3% ao ano até 2023 a intensidade de emissões (tCO2 e por tonelada de cana)”, ressalta.
Para isso, a empresa criou ações diversas, como a substituição de fertilizantes nitrogenados (emitem mais GEE) e redução ou substituição de combustíveis fósseis. “Passamos a olhar e investir em projetos de mitigação de gases de efeito estufa e seguimos regulamentos e políticasligadas ao tema, como as do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), do Programa Brasileiro GHG Protocol e da ISO 14064-1”.