“Olhando para a safra de cana-de-açúcar 2020/21, temos o melhor dos cenários”.
A avaliação é de Martinho Seiiti Ono, presidente da SCA Trading e profissional com larga experiência no mercado de combustíveis.
Ela já trabalhou em grandes empresas do segmento, como Esso, Alê e Copersucar.
Em entrevista ao JornalCana concedida na terça-feira (03/03), Ono traça suas expectativas a safra prestes a iniciar na região Centro-Sul.
Avalia, também, os possíveis impactos do coronavírus no setor.
E comenta sobre a comercialização dos créditos de descarbonização, os CBIOs, do RenovaBio.
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Como o sr. projeta a safra 2020/21, que está prestes a ter início na região Centro-Sul?
O cenário para a 20/21 é positivo?
Martinho Seiiti Ono – Olhando para a 20/21, temos o melhor dos cenários.
Há um blue sky porque temos um cenário de açúcar extremamente favorável, com todo mundo fixando o máximo que pode.
E temos um cenário de consolidação do hidratado, cujo mercado interno ‘belisca’ consumo de 2 bilhões de litros por mês. Fica entre 1,9 bilhão e 2 bilhões. É um mercado robusto.
Demanda para etanol e açúcar
Significa cenário favorável em termos de demanda?
Martinho Seiiti Ono – Em termos de demanda, existe cenário favorável na 20/21 tanto para o etanol quanto para o açúcar.
Haverá liquidez boa, com predominância para o açúcar no exterior.
E no etanol haverá capacidade de demanda. O que faltará é mais cana e ATR.
E quanto aos preços?
Martinho Seiiti Ono – No caso do açúcar, quem fixou de janeiro para cá consegue níveis acima de R$ 2,40 em etanol equivalente. É um preço remunerador.
Dificilmente etanol teria esse nível.
Qual sua avaliação sobre o impacto do novo coronavírus no setor sucroenergético?
Martinho Seiiti Ono – Sobre o novo coronavírus, existe assertividade, previsão.
Não se sabe quanto tempo levará até a descoberta do combate desse vírus.
Quero trabalhar em previsibilidade.
Vive-se em país que tem hedge, remuneração garantida.
No caso do etanol é mais nacional, com demanda concentrada.
As duas commodities, uma dolarizada e fixada, e outra com vocação de mercado interno – desde que petróleo mantenha atuais níveis de preços – temos como sair com história remuneradora, vitoriosa.
Comercialização dos CBIOs
RenovaBio: em sua opinião, em quanto tempo os créditos de descarbonização do RenovaBio, os CBIOs, deverão entrar em comercialização?
Martinho Seiiti Ono – Acredito que a venda dos CBIOs comece no segundo semestre desse ano. No primeiro semestre, temos a finalização das plataformas, o credenciamento das unidades.
Temos 34 unidades certificadas [até 02/03] e 200 em processo de certificação.
A plataforma da B3 para os CBIOs, deve chegar em julho. Assim, a escala de comercialização será intensificada no segundo semestre.
O sr. avalia valores para os CBIOs?
Martinho Seiiti Ono – O preço do CBIO é instável. Dependerá da oferta.
Por sua vez, há meta para as distribuidoras.
Por fim, assim que houver oferta, o drive está mais na mão do produtor em ofertar CBIOs.