Tema pode ficar fora da OMC
Os países desenvolvidos e mesmo os africanos alertam: vão resistir à idéia do Brasil de incluir o etanol nas negociações sobre bens agrícolas da Organização Mundial do Comércio (OMC). O Itamaraty dá sinais claros de que pedirá que o combustível seja colocado na agenda de debates em Genebra para permitir que as tarifas de importação aplicadas em vários países, principalmente nos Estados Unidos, sejam reduzidas.
A estratégia do País é a de passar a levantar o tema nas reuniões do comitê da OMC dedicado a tratar da relação entre comércio e meio ambiente. O projeto dos países ricos era o de que esse capítulo das negociações permitisse a redução de tarifas de importação para bens que podem contribuir para o meio ambiente.
Os europeus e americanos criaram, então, uma lista 1,5 mil produtos que poderiam ser considerados ambientais. Por não haver uma definição, porém, a lista inclui até mesmo veleiros e bicicletas, considerados produtos que não afetam o meio ambiente por não ter motores. Mas quando o processo foi iniciado, em 2001, o etanol nem sequer fazia parte das discussões e ninguém em Bruxelas ou Washington imaginava que um dia chegaria à OMC.
O Brasil nunca foi favorável à lista. Mas agora quer usar o etanol como moeda de troca e só aceitaria a proposta dos países ricos se o combustível for incluído entre os bens ambientais. Se etanol não puder ser considerado como um bem ambiental, o que é que será classificado nessa categoria?, questiona um negociador em Brasília.
Mas os ataques à idéia do Itamaraty já começam a surgir. Um dos argumentos dos diplomatas dos países ricos é o de que o processo de produção do etanol não é ambientalmente sustentável. Os europeus já afirmaram que, para que o combustível entre em seu mercado, os exportadores terão de conseguir um certificado ambiental nos mesmos padrões de madeireiras que queiram vender madeiras tropicais.
