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Tema mais importante para o Brasil ficou de fora, diz Serra

A visita do presidente americano, George W. Bush, ao Brasil trouxe poucos resultados concretos na avaliação do governador de São Paulo, José Serra, para quem a redução das tarifas que dificultam a entrada do etanol brasileiro no mercado americano “era o tema mais importante de todos” para o Brasil. “A taxação é de 100%. O produto brasileiro dobra de preço nos EUA depois das tarifas”, disse o governador, logo após participar de um almoço com a comitiva americana, em São Paulo. “Isso é protecionismo pra ninguém botar defeito.”

São Paulo produz 75% do etanol exportado para os EUA, que hoje é taxado em US$ 0,54 por galão (3,78 litros). O presidente George W. Bush disse ontem que não há condições de rever essa tarifa antes de 2009 – prazo estipulado por lei pelo Congresso do seu país. Sem nenhum avanço nessa área, o governador acredita que o grande mérito da visita de Bush foi, portanto, ajudar na divulgação do programa de etanol brasileiro. “Eles estão fazendo um marketing mundial, o que nos convém”, afirmou.

PESQUISAS

Depois do encontro, Serra anunciou um projeto de R$150 milhões para pesquisar variedades de cana-de-açúcar que privilegiem a energia em vez da sacarose (o açúcar para consumo). A iniciativa está sendo organizada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), em parceria com empresas e instituições do governo federal, como o BNDES. “Hoje dois terços de cada pé de cana são desperdiçados no processo de produção de energia e a idéia é reduzir esse porcentual”, explicou o governador.

Segundo Serra, durante o almoço, o governo dos EUA também prometeu fazer investimentos em pesquisas sobre biocombustíveis: US$1,6 bilhão em 10 anos. “São US$160 milhões por ano – nem me parece tanto”, afirmou o governador. Ao contrário dos investimentos brasileiros, porém, esse dinheiro seria destinado para o desenvolvimento da produção do etanol a partir de milho e madeira, porque os EUA não têm vantagens comparativas para usar a cana na fabricação de álcool.

O governo brasileiro teria proposto um programa de pesquisas conjunto, mas a idéia não teria gerado entusiasmo. “Eles disseram que pensariam no assunto, mas consideram que o mais importante agora é trocar visitas de pesquisadores”, disse Serra.

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