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Tecnologia traz produtividade no Porto de Santos

O ganho de produtividade e competitividade verificado no Porto de Santos, desde o início do processo de modernização, é resultado principalmente dos investimentos feitos no reaparelhamento dos terminais e do aumento do comércio exterior. A redução da massa salarial dos trabalhadores do setor, tratados durante muitos anos como os ??vilões?? do custo portuário, teve um papel secundário, como revela o estudo O Mercado de Trabalho do Porto de Santos, realizado pelo Instituto de Pesquisas A Tribuna (IPAT).

A partir de entrevistas com empresários e a análise de levantamentos feitos pelo jornalista José Rodrigues sobre a variação dos ganhos dos portuários, os pesquisadores mostraram que mais da metade do ganho de produtividade é de responsabilidade única da introdução de novas tecnologias para embarque e desembarque das mercadorias.

Exemplos das mudanças adotadas são a expansão do uso do contêiner e a maior automação das operações, que reduzem a quantidade necessária de portuários avulsos no trabalho. Um carregamento de açúcar feito na forma tradicional, em sacos, demanda de 120 a 140 homens por turno. O uso do shiploader (sistema de esteiras que leva a carga do armazém até o porão do navio) pede apenas oito homens por turno.

A pesquisa do IPAT mostra que 57% do ganho de produtividade tem origem com o investimento feito pelos operadores. Os 43% restantes são obtidos com a redução dos gastos com a mão-de-obra.

Nos últimos dez anos (1996 a 2006), a remuneração média mensal do trabalhador (incluindo avulsos, funcionários da Codesp e dos terminais) caiu 44%, de R$ 3.909,80 para R$ 2.175,60. Em relação à massa salarial, o corte foi de 43,65%. Passou de R$ 60,86 milhões para R$ 34,30 milhões. No mesmo período, o total de cargas transportadas foi triplicado, de 2,33 milhões para 6,9 milhões de toneladas mensais.

Ocorreu, portanto, uma queda de 81% no custo da mão-de-obra por tonelada movimentada, que era de R$ 26,00 e foi barateada em R$ 21,03, chegando em R$ 4,97.

Para o coordenador-geral do IPAT, Alcindo Gonçalves, essas comparações evidenciam que a queda dos ganhos dos trabalhadores foi importante, mas não tanto como os investimentos feitos pela iniciativa privada para o aumento da produtividade do cais santista.

EMPREGO

A redução da massa salarial foi resultado, principalmente, da perda de trabalho entre portuários avulsos e os empregados da Companhia Docas.

Como A Tribuna mostrou na edição de ontem, na primeira reportagem da série O Mercado de Trabalho do Porto de Santos, o período de recessão é interrompido com a expansão das contratações de funcionários pelas empresas particulares, a partir do surgimento de novas firmas e a expansão das existentes.

Meta de dessas companhias surgiu a partir da promulgação da Lei de Modernização dos Portos (em 1993), que criou a figura do operador portuário. A pesquisa do IPAT mostra que, sem considerar as operadoras portuárias com mais de 1.500 funcionários e aquelas com menos de dez, a média de empregados dessas firmas triplicou nos últimos dez anos. Cresceu de 51 em 1997 para 157 no ano passado.

Destaca-se que o maior crescimento ocorre a partir de 2002, com o aumento do comércio exterior brasileiro e, consequentemente, da movimentação do Porto de Santos.

De acordo com o levantamento, o ganho de competitividade do cais afetou o mercado de trabalho no início, especialmente para os avulsos e os empregados da Codesp, mas o impulsionou a partir da expansão das exportações e das importações, que contribuiu ??para que os investimentos feitos pelos operadores apresentassem o resultado esperado em termos de produtividade??.

Entre os profissionais contratados pelos operadores, a remuneração se concentra na faixa entre três a seis salários-mínimos. Analisando por setor, a maioria dos trabalhadores operacionais e técnicos tem esse ganho. Entre os administradores, porém, a maior parte recebe entre seis e dez salários-mínimos.

O Mercado de Trabalho no Porto de Santos é a primeira de uma série de pesquisas que compõe o projeto Porto Universidade, promovido pelo Instituto Metropolitano de Pesquisas Acadêmicas e Consultoria Técnica e Operacional. A entidade reúne, entre outros, as 16 universidades e estabelecimentos de ensino superior do Litoral de São Paulo. O projeto é realizado pelo Instituto de Pesquisa A Tribuna, com o patrocínio das empresas Santos-Brasil, Rodrimar, Libra Terminais e Tecondi.

Próximas etapas

O Porto Universidade prevê mais três pesquisas. Elas terão os temas Impacto Econômico do Porto de Santos na Baixada Santista, Porto-Cidades — O relacionamento da população com o Porto de Santos e O Porto do Futuro — Como será o Porto de Santos em 2017.

Serviço – Confira amanhã, na próxima reportagem da série O Mercado de Trabalho do Porto de Santos, a importância da qualificação do trabalhador após o processo de modernização do cais santista. (Fonte: A Tribuna – Santos /Leopoldo Figueiredo)

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