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Tecnologia da pecuária faz frente ao canavial em SP

Cercados por canaviais, os pecuaristas do noroeste paulista que resistiram à pressão das usinas sucroalcooleiras nos últimos anos e continuaram com seus pastos e rebanhos bovinos começam a colher os frutos com o bom momento da pecuária nacional. Na semana passada, a arroba do boi chegou a ser negociada acima de R$ 100 no mercado futuro. E a tendência, conforme especialistas, é a de que o atual ciclo de alta continue por mais três anos, pelo menos.

“É a virada do ciclo pecuário”, comemora a pecuarista Daniela Sanches Liranço, da Fazenda Arizona, em Birigüi (SP), noroeste paulista. A fazenda, de 400 hectares, mantém mil animais/ano para engorda, a maioria novilhas. Este ano, Daniela conta que vendeu alguns lotes por R$ 69 a arroba em maio, mas este mês os animais já estão sendo negociados por R$ 80 a arroba. “Em 2005 e 2006 fechamos no vermelho. Em 2007 tivemos lucro e este ano a expectativa é melhor ainda.”

Mas a família chegou a pensar em mudar de ramo. “Quando a cana chegou à região cogitamos plantar, pois as propostas eram muito boas, mas desistimos. A fazenda é muito bem estruturada, bem localizada. E, onde a cana entra, acaba a infra-estrutura do gado.”

Para continuar só com a pecuária de corte foi preciso intensificar a forma de criação. Desde 2004, foram investidos R$ 300 mil em tecnologias. “Dividimos a propriedade em quatro módulos para aproveitar melhor a pastagem, instalamos uma lavoura de cana e outra de milho para silagem”, conta. A qualidade da pastagem também foi melhorada, com cultivo de braquiária e MG5.

O importante, acredita, é aumentar o desfrute da fazenda, ou seja, a quantidade de animais abatidos por ano. “É assim que lucramos.” A meta é a de que as novilhas saiam da fazenda com, no máximo, 24 meses. Para isso, outro investimento essencial é o confinamento. A fazenda pode confinar 200 cabeças, “mas vamos ampliar para 400 cabeças”.

Diversificação

Na Fazenda Boa Esperança, em Araçatuba, além da adoção de tecnologias na criação de bovinos, o pecuarista Antonio Luiz Garcez decidiu diversificar, durante o ciclo de baixa da pecuária. Arrendou 100 hectares, de um total de 850, para uma usina e fez um contrato com outra para o plantio de outros 340 hectares de cana. “Não pensamos em deixar totalmente a pecuária, pois sabemos que o mercado tem altos e baixos.” Mas, este ano, a alta cotação do boi e a perspectiva de o mercado continuar firme animaram o produtor a voltar a investir na pecuária. Parte do canavial que seria renovado, cerca de 60 hectares, vai virar pasto de novo. “A usina queria renovar o contrato com base no Consecana, o que reduziria a rentabilidade em torno de R$ 10 por tonelada. Não renovei.”

Para aumentar o desfrute da fazenda, também está investindo, pela primeira vez, no confinamento do gado. Até então, a criação era extensiva. “Teremos quatro baias com capacidade para cem bois cada. E o melhor é que venderemos fora da safra”, diz ele. Os investimentos ajudaram a manter a média de animais na propriedade, em torno de 800, mesmo com a redução da pastagem.

A diversificação e a intensificação da pecuária também foi a opção do criador Alfredo Ferreira Neves Filho, que não queria deixar a pecuária, mas estava perdendo dinheiro com o gado a pasto. “Plantei cana, mas investi no gado e no melhoramento das pastagens”, diz. O pecuarista agora precisa decidir o que fazer com 500 hectares de cana em fase de renovação. “Estou repensando se vou reformar o canavial ou cultivar pasto. Vai depender da proposta da usina. Se pagar em arroba de boi, eu renovo.”

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