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Taxa pode financiar pesquisa do etanol

A Comissão Interamericana do Etanol, criada por um grupo de notáveis em dezembro do ano passado, vai pedir ao governo de George W. Bush que use o dinheiro da sobretaxa cobrada na importação do álcool brasileiro para financiar Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) de biocombustível no Brasil e nos Estados Unidos. Nos últimos dois anos, a sobretaxa de US$ 0,14 por litro de álcool rendeu cerca de US$ 270 milhões aos EUA, cifra cinco vezes maior que o orçamento para pesquisa de agroenergia por ano no Brasil.

A ousadia da proposta dá bem a dimensão que tem tomado a Comissão Interamericana, criada e co-presidida pelo ex-governador da Flórida Jeb Bush (irmão do presidente dos EUA, George W. Bush), pelo ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues e pelo presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Luis Alberto Moreno.

O grupo, formado para influenciar decisões de governo que visem ao desenvolvimento do setor, acaba de receber um reforço. O ex-primeiro-ministro do Japão, Junichiro Koizumi, vai integrar a comissão. Queremos incorporar a visão do consumidor. Não que eles estejam fora da comissão hoje, mas a visão dos produtores é mais forte. O ex-primeiro ministro do Japão dará esse equilíbrio, disse Rodrigues.

Jeb Bush e o ex-ministro da Agricultura participaram ontem, em São Paulo, do evento Os desafios do Etanol. O encontro foi promovido pela Associação Brasileira de Agribusiness (Abag) e pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Jeb Bush defendeu o fim da sobretaxa ao álcool brasileiro ao ingressar no mercado norte-americano, mas repetiu que isso não deverá ser alterado antes de 2009.

Os EUA não sobretaxam o petróleo do Canadá, da Venezuela ou da Arábia Saudita, mas impõem um tributo a um combustível renovável. Defendo a redução ou a eliminação da tarifa, que hoje prejudica a criação de um mercado mundial, disse Jeb Bush. O problema está no enquadramento do produto etanol, considerado um item agrícola, portanto, sujeito à rede protecionista da agricultura. Isso deve mudar quando o etanol deixar a subordinação da política agrícola e passar a ser regido pela política energética. Esse assunto deverá ganhar força na próxima eleição dos EUA, afirmou.

É a única forma, disse Jeb Bush, de garantir o cumprimento das metas impostas pelo governo para a redução do consumo de petróleo. A meta é elevar para 35 bilhões de galões (cerca de 132 bilhões de litros) de energia renovável para os próximos anos. Isso é sete vezes mais do que se produz hoje. Só vamos alcançar esse patamar com a criação de um mercado mundial de etanol.

Mercado mundial que começa a ser mapeado pelo BID e pela comissão. O banco está fazendo uma radiografia do estágio continental da produção de etanol. Quem são os produtores, que tipo de matéria-prima processam, qual o potencial de produção e consumo e dados sobre a legislação local.

A iniciativa pode levar à criação de um modelo de inserção de países na cadeia de produção do etanol no continente. O gabarito que será idealizado pelo BID dirá quais reformas o país precisa providenciar para se tornar produtor de etanol. Talvez seja por isso que países como Venezuela e Cuba decidiram adotar uma postura contrária ao etanol.

FRASES

Jeb Bush

Ex-governador da Flórida

“Os EUA não sobretaxam o petróleo do Canadá, da Venezuela ou da Arábia Saudita, mas impõem tributo a um combustível renovável. Defendo a redução ou a eliminação da tarifa, que prejudica a criação de um mercado mundial”

“Só vamos atingir a meta de consumo de energia renovável com a criação de um mercado mundial de etanol”

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