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Também o biodiesel pode ser de cana

Nos anos 70, o Brasil começou a substituir em larga escala a gasolina pelo álcool. Agora, cientistas pesquisam extrair biodiesel da mesma cana-de-açúcar.

O biodiesel da cana – que pode ser misturado ao diesel comum – é, nos termos científicos, de via “etílica”. Nos Estados Unidos, onde se produz biodiesel de milho, a via é a “metílica”.

Para o Brasil, seria mais barato produzir biodiesel a partir da cana, mas o mercado internacional – leia-se EUA e Europa – só aceitam importar o produto metílico.

Se em 2008 o Brasil adicionar 2% de biodiesel ao diesel, a produção de combustível alternativo deverá alcançar 800 milhões de litros. A produção de biodiesel no Brasil – seja ela de soja, nabo forrageiro ou palma – ainda é incipiente, porém todos concordam que é hora de começar a produzir. Estima-se que em 2013 o mercado atinja 2 bilhões de litros.

Todas essas colocações foram feitas durante o workshop Biocombustíveis/Paraná realizado ontem em Campo Largo. O encontro serviu também para o anúncio da instalação do segundo projeto paranaense destinando a produzir biodiesel, da empresa norte-americana Expoglobe International Inc., que quer utilizar o produto como matéria-prima para lançar no Brasil o seu aditivo Petrocrystal, que aumenta o poder calorífero de motores diesel, gasolina e álcool, reduzindo o consumo de combustível. Segundo o peruano Manuel Cevallos, presidente e CEO da Expoglobe, o projeto desenvolvido pelo Laboratório de Desenvolvimento de Energias Limpas (Ladetel) da Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto pretende utilizar uma cultura de inverno como o girassol para produzir 100 mil litros diários de biodiesel num investimento de US$ 6 milhões. Ele pretende instalar um projeto semelhante para produção de álcool combustível na República Dominicana, também com tecnologia brasileira.

Das cinco plantas de biodiesel que estão produzindo no Brasil autorizadas pela Agência Nacional de Petróleo (ANP), quatro são pela via do metanol enquanto apenas a Agropalma, do Pará, utiliza o módulo etílico, a partir da folha de palma. As outras usinas estão instaladas em Minas Gerais e no Piauí. A de Minas Gerais, inclusive, está com problemas de operação e já foi autuada pela ANP. “Os custos com relação à matéria-prima são semelhantes em 80% dos casos em qualquer que seja a cultura escolhida”, explica o professor Miguel Dabdoub, presidente do Projeto Biodiesel/Brasil e da Câmara Paulista dos Biocombustíveis, além de Coordenador do Ladetel da USP. Ele é o desenvolvedor da tecnologia para a produção de biodiesel que utiliza a rota etílica e irá implantar o projeto paranaense. Ele acredita que, por isso, a escolha do produto deva levar em conta as características regionais, mas que a cana-de-açúcar, pela tradição que o Brasil possui, é a melhor alternativa e que ela só encontra rival na folha de palma no seu poder de gerar energia.

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