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Sebo apresenta desvantagem, e dependência da soja permanece

As pesquisas se multiplicam em diversas frentes, mas um dos problemas que mais afligem técnicos, autoridades e fabricantes de biodiesel permanece: a dependência da soja. Em determinadas épocas do ano, a participação da oleaginosa como matéria-prima para o biocombustível recua, mas logo adiante ela volta a ganhar força.

O sebo bovino consolidou-se em segundo lugar em importância para o setor. Em vez de a matéria-prima fazer frente à soja, contudo, reiterados relatos de “cristalização” (ou “solidificação”) do biodiesel feito com ela como base franzem a testa de quem tenta incentivar a diversificação. O maior concorrente da soja – que, ainda assim, está em um longínquo segundo lugar – tem problemas técnicos que impedem sua maior utilização.

O problema da cristalização do biodiesel feito à base de sebo animal, reitere-se, não é novo, mas preocupa por continuar a ser registrado mesm! o sob o esforço de diversificação das matérias-primas. Preocupa também porque há registros da solidificação mesmo em locais do país não necessariamente conhecidos pelas baixas temperaturas.

A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) recebeu relatos de cristalização do biodiesel, por exemplo, no Rio de Janeiro. “Os casos não são novos, mas a frequência tem sido um pouco maior”, diz Alísio Mendes Vaz, vice-presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom). “E há preocupação porque houve registros também no verão. Foram casos isolados, mas ocorreram em pleno verão do Rio”.

O Sindicom solicitou ao Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ) uma pesquisa sobre o uso de sebo animal para a fabricação de biodiesel. Do trabalho saiu a recomendação, já encaminhada à ANP, de que não seja feito biodiesel puro (B100) com uso exclusivo do s! ebo. Ao contrário do biodiesel de óleo vegetal, que começa a se solidificar sob temperaturas de 0ºC a 5ºC, o de óleo animal começa a se cristalizar a partir dos 22ºC.

Em fevereiro, de acordo com a ANP, a soja respondeu por 73,6% da produção de biodiesel no país. Sebo e óleo de algodão ficaram com 19,2% e 4,9%, respectivamente. As restantes, com 2,1%. (PC)

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