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Ribeirão, a capital da cana, hoje só tem parte de uma usina

A região de Ribeirão Preto é conhecida por sua força no agronegócio, incluindo o setor sucroalcooleiro. Mas a cidade de Ribeirão Preto, que já teve duas usinas de cana-de-açúcar nas últimas décadas, agora só tem parte de uma delas (com outro nome) gerando energia com base no bagaço. Endividamentos levaram as duas usinas – Santa Lydia e Galo Bravo – ao fim.

A mais recente a fechar seu parque industrial foi a Galo Bravo, que tem dívidas estimadas em R$ 450 milhões. O herdeiro Alexandre Balbo (o pai, Ademar, faleceu em setembr o de 2010), que administrou a empresa na última safra, nada fala nem autoriza outra pessoa a falar sobre o destino da empresa, mas os comentários no mercado são de que a usina será desmontada e os maquinários vão a leilão.

A Galo Bravo, aberta nos anos 60, tinha capacidade para processar 1,5 milhão de toneladas de cana, produzindo cerca de 80 milhões de litros de etanol e 30 mil toneladas de açúcar. Mesmo que continuasse, a usina provavelmente enfrentaria problemas com a Justiça Ambiental, pois a indústria está instalada nas proximidades da malha urbana.

A Cooperativa dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo (Copercana) é uma das credoras da usina e acionou a empresa na Justiça para receber o que tem direito. Por isso, há funcionários na usina para garantir a posse de alguns bens. A direção da Copercana não fala sobre o assunto, pois foi desativada pelos proprietários.

A empresa foi arrendada na década passada e virou Central Energética de Ribei rão Preto Açúcar e Álcool (Cerp), acumulando mais problemas judiciais. Voltou aos donos e foi arrendada novamente ao empresário Ricardo Mansur (ex-dono das falidas redes Mesbla e Mappin e do banco Crefisul, liquidado pelo Banco Central), que deveria gerir e sanear a usina, mas que teria aumentado o rombo financeiro. Por isso, a família Balbo afastou Mansur e reassumiu a usina em julho de 2010.

Ex-funcionários ainda lutam para receber salários da safra passada. Não ter mais usina em Ribeirão Preto não é um indicativo de problema, segundo especialistas. A força da cana-de-açúcar está mesmo na região, como a vizinha Sertãozinho, por exemplo.

Residência de usineiros. “Ribeirão é o centro do agronegócio desde os tempos do café, uma cidade-residência dos empresários”, diz o diretor técnico do Instituto de Economia, da Associação Comercial e Industrial (ACI) de Ribeirão, Antonio Vicente Golfeto. “Se a região toda fosse uma fazenda de 85 municípios, Ribeirão seria a sede, o nde se faz negócio, não onde se planta a cana.” O professor titular da Faculdade de Economia e Administração (FEA), da Universidade de São Paulo (USP), Marcos Fava Neves, cita também que o preço da terra na cidade, que prima por serviços, é elevado.

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