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Insetos de laboratório são usados no controle de pragas

Duas espécies de insetos estão sendo utilizadas para fazer o controle biológico de pragas que atingem as lavouras de cana-de-açúcar, milho, algodão e hortaliças. As técnicas de criação dos insetos foram aperfeiçoadas por pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da USP em Piracicaba. A partir de um projeto de pesquisa e com apoio da Fapesp, os cientistas criaram uma empresa para permitir o acesso do método aos produtores rurais.

Uma pequena vespa da espécie Cotesia flavipes é utilizada no controle da broca da cana-de-açúcar. O professor José Roberto Postali Parra, diretor da Esalq, que orientou a pesquisa, explica que a broca causa “podridão vermelha” na cana, que provoca inversão da sacarose e diminui o rendimento industrial na produção de álcool. A produção dos insetos se inicia com a criação da praga em laboratório. “A broca é oferecida para as vespas de modo a multiplicar sua população”, relata o professor. Para cada hectare de plantação são necessários 6 mil insetos, com custo aproximado de R$ 15,00 o hectare.

Os pesquisadores da Esalq aperfeiçoaram técnicas de controle de temperatura para controlar o desenvolvimento dos insetos, permitindo atender encomendas de outros estados. Parra relata que a vespa não é natural do Brasil, e foi importada de Trinidad Tobago (América Central) para controlar a broca nos anos 70. Na ocasião, o nível de infestação dos canaviais chegou a 10% (com 3% já é necessário realizar o controle da praga) e foi reduzido a 2% com o uso dos insetos, que eram produzidos nos laboratórios das usinas de cana-de-açúcar. “A infestação voltou a subir e, como as usinas fecharam seus laboratórios, as vespas são fornecidas por intermédio de pequenas empresas”, diz o professor.

Já as vespinhas do gênero Trichogramma usadas são usadas para parasitar ovos de insetos pragas (mariposas), controlando a broca da cana em regiões mais secas, onde a Cotesia flavipes não se adaptou. O agente biológico também é utilizado no controle de pragas de hortaliças (repolho, tomate, batatinha), algodão e milho. O professor Parra relata que os pesquisadores utilizam ovos de traça como hospedeiros do inseto, que são remetidos em cartelas para as áreas que usarão o agente biológico. “Nas plantações de algodão, milho e hortaliças é necessário um número de insetos variável, entre 100 e 400 mil por ha”, relata.

O uso de joaninhas como predadoras para controle biológico também está em estudos. A empresa Bug Agentes Biológicos foi formada pelos mestrandos Danilo Pedrazzolli e Diogo Carvalho, com a consultoria de Alexandre Sene Pinto, (que concluiu há 3 anos o Doutorado na ESALQ), por meio do programa da Fapesp para pequenas empresas. De acordo com o diretor da Esalq, o uso de insetos como agentes biológicos benéficos para o controle de pragas ainda é pequeno no Brasil. “Por uma questão cultural, os agricultores ainda estão mais acostumados a matar insetos com inseticidas e não com agentes biológicos”, explica.

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