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Hidrogênio do álcool

O projeto Geração de hidrogênio a partir da reforma do etanol, recém-criado pelo Instituto Nacional de Tecnologia (INT) em parceria com o Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel) e o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), receberá um importante impulso no fim do mês.

No dia 28, além de comemorar os 20 anos de pesquisas sobre reações catalíticas, o INT vai reinaugurar o seu Laboratório de Catálise, cuja modernização teve apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). No mesmo dia, será realizado também o Fórum de Debates Questão Tecnológica na sede do instituto, no Rio de Janeiro.

Durante o fórum serão discutidos temas como as possíveis rotas tecnológicas para a utilização de fontes alternativas aos derivados de petróleo e os esforços dos pesquisadores nacionais na busca de caminhos que levem à auto-suficiência no setor de combustível.

O projeto de geração de hidrogênio pretende aproveitar um grande potencial brasileiro em termos energéticos. A iniciativa visa a desenvolver catalisadores que permitam a obtenção e a purificação do hidrogênio a partir do etanol, para ser usado na célula a combustível.

Dados da Companhia de Armazéns e Silos do Estado de Minas Gerais indicam que em 2005 deverão ser produzidos no país 17 bilhões de litros de álcool, gerados a partir de uma produção esperada de 440 milhões de toneladas de cana-de-açúcar.

Essa matéria-prima natural poderá muito bem ser usada na geração de energia. Do etanol é possível obter hidrogênio suficiente para ser usado em células a combustível. Além dessa facilidade vinda da cana-de-açúcar, o Brasil pode ainda utilizar a malha de distribuição existente para o álcool com essa outra finalidade, acreditam os pesquisadores.

As células a combustível no Brasil podem ser a solução para comunidades onde o sistema de eletricidade convencional não chega. Dados do Ministério das Minas e Energia de 2003 mostram que cerca de 10 milhões de brasileiros não têm acesso à energia elétrica, a maior parte residente na região Nordeste.

Do total de famílias que vivem sem energia elétrica, 90% têm renda inferior a três salários mínimos e 84% vivem em municípios com Índice de Desenvolvimento Humano abaixo da média nacional. Somente na Amazônia, região em que não há possibilidade de interligação com as redes elétricas convencionais, vivem 300 mil famílias.

Segundo o INT, os motores a álcool dos automóveis são outra possibilidade de aplicação. Com um catalisador eficiente, a reforma do etanol em hidrogênio, produzida no próprio motor, leva o hidrogênio para a célula, uma espécie de grande “pilha”, gerando energia limpa para movimentar o carro.

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