Mercado

Distribuidora de combustíveis elevou margem de lucro antes do reajuste

Mesmo antes do reajuste na refinaria, as distribuidoras de combustíveis elevaram suas margens de lucro em maio, aproveitando-se do aumento de 1,5% no preço da gasolina provocado pela alta do álcool. É o que revela levantamento da Fecombustíveis (Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes) obtido pela Folha.

Segundo especialistas, a recomposição de margens está sendo mais intensa agora com o reajuste anunciado pela Petrobras (10,8% na refinaria), o que deve ampliar os repasses ao consumidor. A estimativa da estatal é um aumento de 4,5% nas bombas.

Segundo a Fecombustíveis, a margem bruta (sem descontar os custos das empresas) de distribuição subiu, em média, 12,95% na comparação com abril. A pesquisa utiliza dados do levantamento de preços da ANP (Agência Nacional do Petróleo) em oito capitais e no Distrito Federal. A coleta ocorreu até o dia 29 de maio.

A margem das distribuidoras, que representava 5,29% do preço da gasolina no final de abril, passou para 5,96% em maio -R$ 0,102 por litro. O preço médio de revenda era de R$ 1,914.

No mês passado, depois de uma alta de mais de 20% do álcool nas usinas de cana-de-açúcar, as distribuidoras aumentaram a gasolina em 1,5% -o combustível tem 25% de álcool na composição.

Alísio Vaz, diretor do Sindicom (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes), disse desconhecer o conteúdo da pesquisa, mas que “as distribuidoras são as maiores interessadas em terem preços competitivos”.

“Quem praticar preços fora da realidade será excluído. O mercado é muito competitivo.”

O diretor da Fecombustíveis, Gustavo Sobral, disse que o movimento de recomposição de margens “sempre acontece num primeiro momento”, assim que os preços sobem. Depois, de acordo com a demanda, as companhias negociam com descontos com cada posto, segundo o executivo.

De acordo com pesquisa, a margem dos postos caiu em maio -de 11,41% para 10,84% do preço final da gasolina, numa queda de 5,22% ante abril. Segundo David Zylbersztajn, ex-diretor-geral da ANP (Agência Nacional do Petróleo), postos e distribuidoras “vão jogar o máximo que puderem” para o preço ao consumidor. “É o que acontece sempre, mas, em seguida, o consumo cai e eles têm de reduzir os preços.”

Adriano Pires, especialista da consultoria CBIE (Centro Brasileiro de Infra-Estrutura), diz que a recuperação de margens “será mais intensa agora, pois a gasolina subiu mais”. Por isso, prevê um reajuste ao consumidor maior, de 6%, do que o estimado pela Petrobras. Já a analista Mônica Araújo, do Banco Espírito Santo, afirmou que o fato de a Petrobras ter divulgado sua previsão ao consumidor irá gerar “um intenso” monitoramento por parte dos clientes, o que deve impedir repasses maiores nas bombas.

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