Mercado

Dependência do gás só diminui no fim de 2008

A redução no fornecimento de gás boliviano durante o fim de semana reforçou a necessidade de buscar novas fontes de suprimento do combustível ao mercado brasileiro. Especialistas no setor, porém, admitem que não há solução rápida e que apenas no fim de 2008 a dependência brasileira em relação à Bolívia começará a diminuir, com a chegada do primeiro navio regaseificador de gás natural liquefeito (GNL) e o início da produção de campos na região Sudeste.

Não há alternativas de curto prazo, decreta o embaixador Sebastião do Rego Barros, ex-diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP) e hoje presidente do Conselho Consultivo do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre). A Petrobrás busca, desde o ano passado, a antecipação de projetos de suprimento de gás, mas os primeiros resultados só devem aparecer em meados de 2008. O navio regaseificador vai permitir a importação do combustível de outras fontes, como África ou Caribe.

Com os novos campos, a empresa planeja aumentar em 24 milhões de metros cúbicos por dia a produção de gás no Sudeste. A Petrobrás ajustou seu plano de investimentos de forma a antecipar a produção de gás natural no País, porém, a dependência do mercado brasileiro do gás natural boliviano ainda é significativa, diz, em relatório, a analista Mônica Araújo, da corretora Ativa.

Para o consultor Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura, tal cenário é fruto da falta de planejamento. O governo passou os últimos anos pensando em atingir a auto-suficiência na produção do petróleo e esqueceu-se do gás.

A questão volta à tona a cada sobressalto na política interna boliviana. Ficar refém desse país não parece ser a melhor alternativa para o Brasil, diz a analista Fabiana DAtri, da Tendências, lembrando que 50% do mercado brasileiro é abastecido com gás boliviano. Embora o abastecimento já tenha se normalizado, o País não tem motivos para se tranqüilizar, alerta, completando que a situação política na Bolívia ainda é preocupante.

De fato, não há sinais de calmaria no front político, mesmo que o confronto entre moradores das Províncias de OConnor e Gran Chaco tenha arrefecido. Nos últimos dias, o governo Evo Morales voltou à carga contra o presidente do Senado, José Villancencio, com críticas severas contra a demora na liberação dos novos contratos de exploração de petróleo. Os manifestantes que provocaram a redução das exportações passaram todo o dia de ontem reunidos com o governo e, até a noite, não haviam chegado a um acordo.

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