Mercado

Conquista de mercados

A alta dos preços internacionais do petróleo está fazendo com que o álcool combustível brasileiro conquiste, de forma acelerada, espaços em outros mercados. De acordo com levantamento realizado pelo consultor Júlio Maria Borges, da JOB Economia e Planejamento, as exportações de álcool combustível somaram, no período entre maio (início da safra 2004/05), e julho deste ano, um volume de 764 milhões de litros de álcool combustível, contra 92 milhões de litros registrados no mesmo período anterior.

Para o consultor, esse crescimento não pode ser creditado somente ao apelo ambiental que envolve a utilização do álcool, considerado um “combustível verde” por ser uma fonte renovável e por reduzir o nível de emissões de poluentes dos veículos.

“Esse crescimento é motivado por preços. Com o barril do petróleo oscilando entre US$ 40 e US$ 50 no mercado internacional, o álcool combustível, que custa de US$ 32 a US$ 33 o barril, passa a ser atrativo”, disse Borges.

Ele considera que, com o ritmo aquecido das exportações registrado até o momento, a expectativa é de que o volume de álcool combustível a ser embarcado para outros mercados deverá superar a expectativa inicial do setor sucroalcooleiro para as vendas externas do produto.

“Em maio, falava-se que as exportações atingiriam, nesse ano, a marca de 1,6 bilhão de litros”, disse Borges. Ele acredita, no entanto, que a safra 2004/05 poderá terminar com uma colocação de 1,9 bilhão a 2 bilhões de litros do álcool combustível no exterior.

As exportações registradas até o momento devem ter proporcionado uma receita de US$ 150 milhões a US$ 170 milhões, segundo cálculos da JOB e da empresa de consultoria MSConsult. Trata-se de um montante pequeno, diante das exportações de açúcar pelo setor sucroalcooleiro.

Mas, para o consultor Fábio Silveira, da MSConsult, as receitas provenientes da exportação são uma garantia contra eventuais efeitos negativos da sazonalidade da produção sobre a renda do produtor de álcool. “Nesse período de início de safra, normalmente ocorre uma concentração da oferta no mercado doméstico”, lembra. Silveira acredita que a exportação permite uma melhor programação do fluxo da produção, contribuindo para a redução da volatilidade dos preços.

Borges destacou que a demanda norte-americana teve participação significativa nesse aumento expressivo das exportações de álcool combustível. Segundo o levantamento da JOB, os Estados Unidos adquiriram, entre maio e julho, 228 milhões de litros de álcool anidro, o correspondente a quase 30% do volume total exportado.

“Com os preços da gasolina subindo no mercado norte-americano, acompanhando as cotações do petróleo, a solução tem sido a adição de álcool ao combustível”, disse Borges.

A Índia, um grande produtor de cana-de-açúcar, como o Brasil, também está engrossando a relação de compradores do álcool nacional.

A quebra da safra indiana motivou a aquisição, por aquele país, de 137 milhões de litros (o correspondente a cerca de 18% das exportações do Brasil entre maio e julho) de álcool brasileiro com o objetivo de assegurar a continuidade de programas experimentais de mistura de álcool à gasolina.

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