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Alesp aprova megapacote de ajuste fiscal de Doria

Carga tributária de produtos da indústria sucroenergética pode dobrar

Alesp aprova megapacote de ajuste fiscal de Doria

No início da madrugada desta quarta-feira (14), o Projeto de Lei 529/2020 que define medidas para o ajuste fiscal e equilíbrio das contas públicas do Estado Paulista, de autoria do governador João Doria foi aprovado na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).

O texto substitutivo à proposição apresentado pelo relator especial Alex de Madureira (PSD) recebeu 48 votos favoráveis e 37 contrários. Os destaques do roteiro, que podem ser retirados da proposta, ainda serão apreciados pelos parlamentares.

De acordo com o governo estadual, o megapacote de ajuste fiscal é necessário para conter um rombo de R$ 10,4 bilhões no orçamento de 2021. A proposta aumenta impostos e extingue órgãos públicos, autorizando a demissão de 5.600 servidores e ainda pretende aumentar a alíquota de contribuição do Iamspe (plano de saúde dos funcionários públicos estaduais), entre outros.

Um dos itens da proposta permite o aumento de alíquotas do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), mediante a autorização ao poder Executivo de renovar e reduzir benefícios fiscais relacionados ao imposto. Segundo o estado, o governo deixa de arrecadar R$ 40 bilhões ao ano com as isenções do ICMS.

O deputado Campos Machado (PTB) definiu a iniciativa como um “genocídio aos programas sociais e um suicídio aos deputados e apoiadores do projeto” que, para ele, “vai criar desemprego e deixar de lado pessoas qualificadas”.

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Luis Carlos Jorge, presidente do CEISE Br

Em encontro recente, realizado no Centro Nacional do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis (CEISE Br), em Sertãozinho (SP), representantes de entidades ligadas ao segmento manifestaram preocupação sobre a não renovação do convênio 52/91, que trata da redução da base de cálculo do ICMS de milhares de itens, entre eles máquinas e equipamentos produzidos pelas indústrias metalmecânicas, pode não ser renovado e provocar aumento do imposto.

“É mais um grande golpe contra a indústria que fez de tudo para se manter e preservar os empregos nesta crise que estamos vivendo, provocada pela pandemia de COVID-19. São 29 anos de vigência deste convênio e o Governador Doria, de uma hora para outra, sinaliza que não vai renovar. Se isso acontecer, a alíquota vigente hoje vai subir de forma absurda” observa Luís Carlos Júnior Jorge, presidente do CEISE Br.

A preocupação dos representantes das entidades é que, caso não seja renovado o convênio, milhares de itens como máquinas e equipamentos para o setor de bioenergia, passarão a recolher 18% de ICMS. Hoje, a alíquota é de 8,8%.

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