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Abacaxi perde espaço para a cana em São Paulo

Depois do gado e da laranja, a expansão da cana-de-açúcar toma o lugar do abacaxi havaí em São Paulo. Em Guaraçaí, maior município produtor do Estado e um dos maiores do País, enquanto a área da cana cresceu 114% no último ano – de 7 mil para 15 mil hectares –, a de abacaxi encolheu 12,5%, de4milpara 3,5mil hectares.

Impulsionadas pela expansão do setor sucroalcooleiro e forçadas a correr atrás de novas áreas de plantio, as usinas de açúcar e álcool já dominam espaços que antes eram ocupados por pastagens para o gado, na região de Araçatuba, e por laranjais, no norte do Estado.

Em Guaraçaí, os produtores dizem não ter como concorrer com as usinas, que dobraram o preço pago pelo arrendamento de terras nos dois últimos anos. Antônio Caldato, presidente da Associação dos Produtores de Abacaxi do Município de Guaraçaí (Apamgis), diz que o preço do arrendamento saltou de R$ 500 para R$ 1 mil por alqueire/ano. “Não temos saída, a não ser pagar o mesmo que as usinas pagam”, diz.

O problema é que os donos de terras optam pelas usinas porque os contratos de arrendamento com essas empresas são para 5 anos, enquanto para o abacaxi o prazo é 2 anos e meio; além disso, a área do abacaxi só pode ser usada pela mesma cultura 6 anos depois, por conta dos tratos fitossanitários.

Com a cana, o plantio pode ser feito na seqüência.

Segundo Caldato, a saída do produtor está sendo arrendar várias pequenas áreas – o que encarece o custo fiscal da plantação – e expandir o plantio para municípios vizinhos, atitude impensável até um ano atrás por conta do aumento nos custos.No entanto, dos 3,5 mil hectares da safra atual, 1,5 mil estão sendo colhidos em Mirandópolis, Murutinga do Sul, Andradina, Lavínia e Valparaíso. “Não tive outra alternativa.

Para o ano que vem, não sei como vai ser”, diz o agricultor Devanir Humberto Basaglia, que viaja 32 quilômetros todos os dias para cuidar de 24 hectares da plantação que possuiem Mirandópolis.

Segundo ele, os custos de produção vão reduzir seu faturamento em 30%. “Vou torcer para empatar os custos com a comercialização”, diz.

Na outra ponta, o encolhimento reduziuem10% o número de empregos diretos com a cultura. Segundo a Coordenadoria de Assistência Integral (Cati), 40% dos 10 mil habitantes de Guaraçaí sobrevivem com os ganhos da fruta, da plantação à comercialização. Este ano, o número de empregos é de 3,6 mil.

A produção de Guaraçaí deveatingir50miltoneladas de abacaxi em 2005 e movimentar R$ 40milhõesnomunicípio.

O tipo havaí é colhido praticamente o ano inteiro e é vendido direto ao consumidor – só 10% vão para a indústria. A capital paulista fica com 50% da produção, vendida em grandes redes.

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