Supersafra derruba preço da cana
O pequeno produtor rural que trocou o pasto ou a lavoura pelo canavial pode ter dificuldade para negociar o produto a bom preço neste final de ano. Com um custo de produção em torno de R$ 44,00 a tonelada, a cana-de-açúcar está sendo vendida por um valor máximo de R$ 36,00. Na safra 2006, a tonelada chegou a ser comercializada a R$ 55,00.
Na opinião do presidente da Associação dos Plantadores do Médio Tietê (Ascana), Hermínio Jacon, o mercado está ofertado. “Tem muita cana no mercado. Muitos lavradores se entusiasmaram e trocaram de lavoura. Na minha região, a cana já está vendida a um grande grupo”, aponta.
Para Jacon, o pequeno produtor que ainda não negociou o produto terá dificuldades para obter um bom preço. “A produção de álcool é grande, mas o açúcar não está no seu melhor momento no mercado internacional e isso reflete no preço da cana”, revela.
Mesmo com a dificuldade que, em sua opinião, é momentânea, Jacon acredita em uma reação do mercado a médio prazo. “A situação ainda é delicada. Eu acredito que o mercado se estabilize com lucro satisfatório. No próximo ano, muita gente não vai plantar cana e haverá queda de produção”, analisa.
O presidente do Sindicato Rural de Marília, Yoshimi Shintaku, se mostra preocupado com a situação. Para ele, o produtor rural que optou pela plantação de cana e não está com ela garantida pode encontrar dificuldades em negociar. “A cana pode parecer rentável, mas se todo mundo plantar cana, não é bom para todos”, lamenta.
Shintaku frisa que a safra continua mais alcooleira, com 54,8% da cana destinada ao álcool, contra 50,4% no levantamento do mesmo período do ano passado. “A produção de açúcar, no período, foi de 24,7% milhões de toneladas, volume praticamente idêntico ao produzido na safra passada e no mesmo período.”
Associcana
O presidente da Associação dos Plantadores de Cana (Associcana) da microrregião de Jaú, Paulo Brandão, frisa que para produzir uma tonelada de cana, o plantador tem um custo aproximado de R$ 45,00. “A venda está em torno de R$ 33,00, faltam R$ 12,00 para empatar. Eu acredito que a recuperação virá só daqui a dois anos. Na região de Bauru, houve ampliação dos canaviais em Arealva, Iacanga, Boracéia, mas nada de milhões de toneladas.”
