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Suíça: OCDE ataca subsídios e elogia o álcool brasileiro

Biocombustível de países ricos tem pouco ganho ambiental e encarece alimentos, diz estudo. Combustíveis de trigo, beterraba e milho diminuem emissão de gases poluentes em no máximo 60%; álcool de cana reduz em até 90%.

Genebra/Suíça

Os bilionários subsídios concedidos pelos países ricos para a produção de biocombustíveis trazem poucas vantagens ambientais e ainda contribuem para a alta dos preços de alimentos, que põe em risco a segurança alimentar das populações mais pobres do planeta.

A conclusão é de um estudo divulgado ontem pela OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), que destaca o álcool do Brasil como o biocombustível que mais reduz a emissão de gases poluentes. A diferença é significativa: enquanto os combustíveis de trigo, beterraba e óleos vegetais reduzem a emissão entre 30% e 60%, e o de milho, 30%, o álcool de cana permite redução de até 90%.

A produção de biocombustíveis em escala mundial deve dobrar nos próximos dez anos, calcula a OCDE. Em 2007, os Estados Unidos foram os maiores fabricantes de etanol, com 48% da produção mundial, enquanto o Brasil ficou em segundo, com 31%. Com 60% do total, a Europa lidera a produção mundial de biodiesel.

Apesar das desvantagens econômicas e ecológicas dos subsídos aos biocombustíveis, o relatório prevê que eles irão atingir mais que o dobro das cifras atuais nos Estados Unidos, no Canadá e na União Européia nos próximos anos. Em 2006 a ajuda oficial nas três regiões somou US$ 11 bilhões. Esse total deve chegar a US$ 25 bilhões anuais até 2015, segundo as projeções da OCDE, centro de estudos que reúne 30 das principais economias do mundo -o Brasil não é membro.

Os cálculos da entidade mostram que o argumento ambiental para o protecionismo em biocombustíveis nos países ricos não se sustenta, já que reduz a emissão de gases poluentes em, no máximo, 0,8%. “A análise mostra que as políticas de subsídio são bastante ineficientes”, disse à Folha o autor do estudo, Martin von Lampe. A estimativa é a de que cada tonelada de dióxido de carbono que deixa de ser emitida custe entre US$ 960 a US$ 1.700 aos cofres oficiais.

O estudo defende ainda a redução das tarifas de importação aos biocombustíveis, uma das prioridades da agenda de comércio exterior do governo brasileiro. No mercado americano, por exemplo, o álcool brasileiro enfrenta uma tarifa de US$ 0,54 por galão.

“A abertura de mercados para os biocombustíveis estimularia uma produção mais eficiente e barata, além de melhorar o resultado ambiental e reduzir a dependência de combustíveis fósseis”, diz o estudo.

Para Von Lampe, as vantagens do álcool de cana são claras. “Além de ter um custo bem menor do que no hemisfério Norte, de grãos e oleaginosas, o etanol feito no Brasil tem um potencial muito maior de redução na emissão de gases”, diz Von Lampe. “Mas mesmo no Brasil é preciso monitorar a produção para que ela seja feita de maneira sustentável.”

O estudo também chama a atenção para o impacto dos subsídios nos preços dos alimentos. A estimativa é que eles tenham sido responsáveis por 5% no aumento do preço do trigo, 7% no do milho e 19% no dos óleos vegetais.

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