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Sugar and Ethanol 2008: CTC fala sobre etanol de 2ª Geração

Em 2011, o etanol celulósico poderá ser utilizado em escala pré-comercial no Brasil. Esta é a expectativa do engenheiro bioquímico Jaime Finguerut, pesquisador do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), que foi um dos palestrantes de ontem (4), no primeiro dia do Sugar and Ethanol Brazil 2008. O evento, que discute novidades e tendências do setor sucroalcooleiro, acontece até o dia 6 de março, em São Paulo.

Finguerut apresentou, para uma platéia de aproximadamente 200 pessoas, a evolução da tecnologia na obtenção de etanol a partir da celulose do bagaço da cana-de-açúcar. Os especialistas do CTC asseguram que a chave do sucesso do mercado mundial de biocombustíveis nos próximos anos está na obtenção de enzimas capazes de reduzir os custos de produção de etanol celulósico.

“Nossa expectativa é de que já possamos usar o etanol celulósico em escala pré-comercial daqui a três anos. Porém, o prazo para o uso do etanol de 2ª Geração em escala comercial plena vai depender do volume de recursos para pesquisa. E isso pode demorar ainda alguns anos”, disse.

O pesquisador afirma que o Brasil é o País que detém as melhores condições técnicas, econômicas e ambientais para produzir etanol, por conta da favorável relação custo-benefício. “Eu mostrei para os participantes do workshop que a nossa tecnologia atual para produção de álcool é a melhor do mundo. Porém não temos mais como evoluir, sem que gastemos muito dinheiro para a obtenção de pequenos ganhos”, conta.

Para o engenheiro, os recursos disponíveis para pesquisa podem ser melhor empregados em desenvolvimentos “mais radicais e mais arriscados”, como o etanol de 2ª Geração. “O Brasil tem condições muito melhores do que o resto do mundo para isso. O que nós precisamos é de mais dinheiro. O CTC conta com recursos privados do setor sucroalcooleiro e estamos numa área de ponta nas pesquisas. Porém precisamos de mais investimentos”.

Rendimento

Sobre o rendimento obtido com o etanol celulósico, Finguerut disse que ainda não há um cálculo muito claro, mas arrisca dizer que o uso do bagaço e da palha pode permitir um aumento de 50% a 100% na produção e álcool, considerando a mesma área plantada de cana.

“Hoje, a gente produz em média 80 a 90 litros por tonelada de cana e 80 a 90 toneladas de cana por hectare. Isso vai dar aproximadamente 6 a 7 mil litros de álcool por hectare. São valores típicos do Centro-Sul, conta.

A atual tecnologia (1ª Geração) ainda tem espaço para ser desenvolvida. Segundo o especialista, as usinas podem melhorar ainda mais a qualidade do canavial, adequando-se à produtividade média. A eficiência em irrigação, preparo do solo e utilização adequada de espécies de cana seriam importantes elementos para garantir aumento de produtividade.

“Se todas as usinas operassem na média, a produção álcool poderia aumentar de 20% a 30%. E existe um potencial ainda maior, pois já existem usinas no País que conseguem o dobro da média”, conta.

Parceria

No ano passado, o CTC firmou parceria com a empresa dinamarquesa Novozymes, uma das maiores do mundo da área de biotecnologia, líder global na produção de enzimas industriais. Com o protocolo de cooperação, o CTC deverá prover o parque produtivo brasileiro de etanol com as enzimas que surgirão da parceria com a Novozymes. Em troca, a empresa dinamarquesa terá acesso às tecnologias de produção de etanol que vêm sendo pesquisadas no CTC, em Piracicaba, SP.

As enzimas – proteínas capazes de acelerar reações químicas – são largamente utilizadas na fabricação de bebidas, como cerveja e na indústria de panificação, ração animal e outros produtos. Na produção de etanol, o emprego de enzimas está associado à chamada hidrólise enzimática, que é a obtenção de álcool combustível a partir do bagaço da cultura de cana-de-açúcar.

O workshop de ontem contou com a participação do gerente de marketing na divisão de biocombustíveis da Novozymes, Peter Halling, que dividiu a mesa com Finguerut para apresentar o status das pesquisas sobre o desenvolvimento do etanol de 2ª Geração.

Sugar and Ethanol

Nesta quarta-feira (5), segundo dia do evento, a palestra de abertura vai abordar o mercado mundial de etanol, com o diretor da F.O. Licht da Alemanha, Christoph Berg. Logo em seguida, o mercado mundial de açúcar será discutido por Stefan Uhlenbrock, analista de commodities do mesmo grupo alemão.

O presidente da União da Industria de Cana-de-Açúcar (Unica), Marcos Sawaya Jank, vai falar sobre o açúcar e o etanol nas negociações do comércio internacional. Já o diretor do Departamento de Açúcar, Cana e Agroenergia do Ministério da Agricultura (Mapa), Alexandre Strapasson, vai abordar as políticas sobre açúcar e etanol no Brasil. O tema será reforçado, com um balanço de longo prazo feito pelo diretor da Datagro, Plínio Nastari.

Os certificados de padrões sociais podem ser uma nova barreira para o comércio de açúcar e álcool? Quem vai responder à essa questão é o presidente da Companhia Brasileira de Açúcar e Álcool (CBAA), Jose Pessoa de Queiroz Bisneto, no encerramento das palestras da manhã.

À tarde, o diretor do Grupo Czarnikow, Marcos Molinaro, vai falar sobre as inter-relações e o potencial para as exportações brasileiras de açúcar e de etanol. Já o presidente do grupo Farias, Eduardo Farias, mostrará como garantir etanol para os mercados estrangeiros.

Como fica o Contrato Futuro de etanol? Como isso influencia os negócios? A resposta será dada pelo diretor de agricultura e energia da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), Félix Schouchana.

A Cogeração, importante fonte de receita para usinas, também será tema do workshop desta quarta-feira. Para falar sobre o assunto, foi convidado o vice-presidente de P&D da Dedini, José Luiz Olivério.

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