Mercado

Sucroalcooleiros e a crise

Superar a crise que prejudica as negociações agrícolas em todo o país desde o segundo semestre do ano passado é o objetivo dos produtores de cana e das usinas, concentradas principalmente na região Centro-Sul do Brasil. Diante desse cenário de pouca liquidez e de sérias restrições ao crédito no mercado sucroalcooleiro, o sistema de troca foi a alternativa encontrada por muitas empresas do setor para impulsionar seus negócios e impedir a redução de compra de insumos e defensivos agrícolas pelas usinas e produtores. Esse sistema, apesar de bastante utilizado em negociações de grãos, especialmente soja e milho, era até então incomum em cana, e tem apresentado resultados positivos para os que aderiram à solução.

! Mas, acompanhar as tendências do mercado não é tão fácil como parece, já que nem todos têm estrutura adequada ou estão preparados para enfrentar turbulência na economia. Momentos antes da instalação da crise no país, o mercado sucroalcooleiro estava aquecido. Segundo a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), a produção brasileira atingiu na safra 2007/2008 mais de 493,3 milhões de toneladas. Estima-se que o acumulado do total de cana produzida apenas na região Centro-Sul atingiu 431 milhões de toneladas, contra 372 milhões de toneladas da safra anterior (2006/2007). A produção do etanol também apresentou crescimento. Em 2006/2007, foram produzidos mais de 17,7 bilhões de litros do produto. Já na safra seguinte foram 22,4 bilhões de litros.

Hoje, embora o Brasil se destaque como grande produtor mundial e um dos mais importantes fornecedores de cana, o cenário é diferente e especialistas afirmam que os impactos da cr! ise nesse mercado devem ser negativos, no que diz respeito ao volume de investimento no setor. Em relatório divulgado recentemente, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) aponta que em 2010 haverá significativa redução na quantidade de produção e de novas usinas, principalmente se esses números forem comparados com os de 2008, quando o cenário era positivo. Ou seja, apenas 20 das 35 usinas que deveriam entrar em operação, apenas no Estado de São Paulo, este ano, vão iniciar suas atividades.

De acordo com a Unica, este será um período de reestruturação e consolidação devido à fragilidade financeira das empresas. A queda das exportações de etanol também deve representar mudanças efetivas na produção brasileira de cana, que, ao mesmo tempo, caminha para um aumento das vendas de açúcar, produto que está em alta desde dezembro de 2008. Esse cenário é reflexo de uma redução nas safras de grandes produtores mundiais, como a Índia e a União Europeia, e pode ser uma saída interessante para os canavieiros do país, que, com uma adequação na sua produção podem manter o fluxo positivo dos seus negócios.

Vale ressaltar, porém que a demanda por etanol já voltou a apresentar índices positivos, com o aquecimento do mercado automobilístico, que se deu com a redução de impostos (IPI), a partir do primeiro trimestre de 2009. Esse aumento já previsto na fabricação e venda de veículos com a tecnologia flex, tanto para o mercado interno quanto externo, deve-se principalmente à necessidade dos países em reduzir suas emissões de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera.

Há ainda outras opções criativas para os produtores que querem sair do vermelho. A geração de energia de bagaço da cana, por exemplo, pode ser um caminho bastante lucrativo. Esse recurso vem sendo utilizado em larga escala pelas próprias usinas e também comercializado para cobrir déficits financeiros.

Apesar de não existir uma fórmula pronta para driblar os efeitos negativos da crise econômica global, o segredo para minimizar prejuízos pode estar no diálogo entre a cadeia produtiva e os especialistas, tanto do setor privado quanto de entidades governamentais. E, ao contrário do que muitos imaginam, o atual cenário de instabilidade, pode representar excelentes oportunidades de novos negócios. Neste caso, a aquisição ou fusão de empresas pode amenizar os problemas. A eficiência do processo produtivo é o ponto central de toda essa questão, pois com investimentos que possibilitem ao Brasil manter as exportações de açúcar e álcool em níveis satisfatórios, será possível ganhar fatias de merc

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