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Sucesso do etanol do Brasil revela “segredo sujo”, diz “LA Times”

Irregularidades nas plantações de cana-de-açúcar – principalmente relacionadas a condições degradantes de trabalho denunciadas pela Anistia Internacional, serviram de tema para uma reportagem na edição dessa segunda-feira do Los Angeles Times.

Na matéria publicada no jornal norte-americano, a ascensão da economia brasileira, impulsionada pelo combustível obtido a partir da cana-de-açúcar, traz à tona “o segredo sujo do etanol”: condições primitivas de trabalho às quais são submetidos os cortadores da cana.

O jornal afirma que o Brasil, “a Arábia Saudita dos biocombustíveis”, tem mais de 300 mil trabalhadores temporários na indústria da cana vivendo sob condições que variam de “deploráveis à completa servidão”.

Fontes do Ministério Público ouvidas pelo LA Times afirmam que “pelo menos 18 cortadores de cana morreram nos últimos anos, vítimas de desidratação, ataques cardíacos ou outros fatores ligados à exaustão em regiões onde a floresta passou a dar lugar à agricultura”. “Isto não inclui um número desconhecido de outros que morreram em acidentes, por excesso de trabalho. Até prisioneiros têm melhores condições de vida”, disse o promotor Luis Henrique Rafael ao diário americano.

“A única forma de lazer deles é a cachaça”, acrescentou ele. O jornal cita o relatório divulgado no mês passado pela Anistia Internacional em que a organização denunciou que mais de mil cortadores de cana foram resgatados em junho de 2007 após serem submetidos a trabalho escravo por um grande produtor de etanol, Pagrisa, no Pará.

O Los Angeles Times afirma que as crescentes críticas internacionais provocaram a reação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que afirmou que o governo e produtores querem melhorar as condições de trabalho na indústria da cana. O jornal destaca uma parte do discurso do presidente durante a conferência da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentos (FAO), em Roma, em que ele diz que “o trabalho nas lavouras de cana não é mais difícil do que nas minas, que foram a base para o desenvolvimento da Europa”.

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