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Sucessão familiar, governança e inovação: o que pensa a próxima geração do setor

Conheça casos bem-sucedidos dos grupos Ipiranga e Melhoramentos e das usinas Santa Lúcia e São Luiz

Sucessão familiar, governança e inovação: o que pensa a próxima geração do setor
Sucessão familiar é um desafio para o setor sucroenergético

Ainda que grande parte da produção bioenergética esteja atualmente sob o controle de grandes grupos e internacionais, uma boa parte continua nas mãos de empresas nacionais e familiares. De modo que os desafios de sucessão familiar são muito comuns e um dos aspectos relevantes para a sustentabilidade e perenidade das unidades produtoras de cana. Neste quesito as dificuldades são variadas mas, normalmente, estão relacionadas a conflitos familiares ou ao desejo de promover uma profissionalização da gestão sem os devidos fundamentos ou a participação de eventuais sucessores.

Sucessão familiar é um desafio no setor sucroenergético

Quando avaliamos o setor sucroenergético, diagnosticamos que existem muitos grupos e usinas familiares. Empresas centenárias e que certamente enfrentam dificuldades para estabelecer uma governança sólida que possibilite a inovação e eficiência na gestão. O consultor em sucessão e um dos maiores especialistas no assunto, Pedro Podboi Adachi, comenta que “passar o bastão para a próxima geração” costuma ser um dos temas mais complexos nas empresas familiares. Ele lista alguns desafios comuns: “As diferenças de gerações; a escolha do sucessor; a diferença entre sucessor e herdeiro ou mesmo as dificuldades do sucedido em deixar o cargo são algumas complexidades”, informa Adachi.

É possível ter uma gestão familiar profissional nas usinas de cana?

Para o consultor da Societas a resposta é sim, mas ele alerta. “Há uma confusão que alguns fazem sobre profissionalização, pensando – erroneamente – que isto significa tirar a família da direção e contratar executivos. Isso é um equívoco. Uma vez que é bem possível profissionalizar uma empresa familiar”, atenta. Explicando um pouco mais sobre governança, Adachi ressalta a importância de uma profissionalização completa. Ela envolve aspectos como a preparação da família empresária e a relevância de saber atuar como sócio. Além de entender os conceitos que envolvem uma sucessão familiar e governança corporativa eficiente, acionistas de usinas buscam cases para benchmarking e, nesse sentido, o setor vem exibindo uma safra de bons modelos.

4 bons exemplos de sucessão familiar e o que eles dizem a respeito

1 – “É preciso separar o papel de sócio, executivo e membro da família”

O primeiro bom exemplo que podemos destacar vem da Usina São Luiz, de Ourinhos (SP). Trata-se de Beatriz Quagliato Porto. Sendo parte da família fundadora e atuando como gestora de suprimentos e sustentabilidade da usina, a executiva acredita que a Governança é a base para a longevidade das empresas. “No mundo atual onde as empresas deixam de ser caixas preta e se tornam caixas de vidro, transparentes, os pilares da governança são fundamentais para a gestão e perpetuação dos negócios”, afirma. Ela destaca um dos desafios a ser superado para se estabelecer uma governança corporativa familiar. “Nas empresas familiares temos um desafio enorme, que é separar o papel do sócio, executivo e membro da família. É uma tarefa complexa, mas primordial para o sucesso da família e dos negócios”, explica.

2 – “Ser uma empresa familiar pode ser uma vantagem competitiva”

Para apresentarmos o segundo exemplo bem-sucedido temos que ir até o norte do Paraná, na Companhia Melhoramentos. Com mais de 90 anos de história, a Melhoramentos conta com Gastão de Souza Mesquita Filho como herdeiro que assistente à diretoria. Mesquita Filho faz parte da família fundadora e demonstra na prática os benefícios da descendência. Ele explica: “Uma empresa tem inúmeras vantagens quando membros da família acionista participam de sua gestão, mas se os princípios da governança corporativa não estiverem presentes no dia-a-dia da companhia, praticados por acionistas e gestores, essa vantagem competitiva pode se tornar um enorme problema. Quantas histórias não conhecemos de empresas que foram destruídas por conflitos, velados ou abertos, entre acionistas, desvios de finalidade, confusão patrimonial, etc.”, elucida Gastão.

3 – “É preciso trabalhar para ser financeiramente sustentável”

Em 1988, seis irmãos da família Tittoto, fornecedores de cana-de-açúcar, adquiriram o controle acionário da Açucareira Santo Alexandre, permanecendo três irmãos da família Cunali nesta nova sociedade. Em 1993 as duas famílias adquiriram a Usina Ipiranga, em Descalvado (SP), e em 2005, com a família Cardoso, constituíram a Usina Iacanga.
“Durante esse período, uma nova geração passou a integrar o quadro executivo das usinas, sendo constante o exercício do affectio societatis, políticas de governança e instituição de regras no âmbito da família, da sociedade e da empresa”, conta o executivo Guilherme de Andrade Tittoto.
De acordo com ele dentre os desafios da nova geração um deles é ser financeiramente sustentável. “Nosso desafio é continuar sendo financeiramente sustentável, gerando divisas para os municípios, preservando o meio-ambiente e agindo com responsabilidade social”, informa.

4 – “A sucessão mantém a essência e promove mudanças para a sobrevivência da empresa nos novos tempos”

Em 1940, Jerônimo Ometto comprou parte da Fazenda São Joaquim, em Araras (SP), e assim nasceu a Usina Santa Lúcia. Atualmente, a terceira geração da família está no comando e a quarta geração inicia a jornada profissional para a futura sucessão. “As sucessões fazem parte de empresas familiares e têm uma importância enorme no negócio: manter a essência e promover mudanças para a sobrevivência da empresa nos novos tempos”, afirma Rafael Ometto Do Amaral, engenheiro de produção da companhia.
Ao passo que ele revela que a estratégia que a Usina Santa Lúcia sempre seguiu, e que faz parte de sua cultura, é o crescimento constante e seguro. “Em um ano de crise não podemos deixar de crescer e em um ano de bons ventos precisamos ter sabedoria e caminhar com parcimônia, para que em momentos inesperados, tenha-se maior tranquilidade em atravessá-los e seguir evoluindo”.

Executivos da nova geração apresentam caminhos para sucessão, governança e inovação

Beatriz Quagliato Porto, Gastão de Souza Mesquita Filho, Guilherme de Andrade Tittoto, Rafael Ometto Do Amaral e Pedro Adachi compartilharam suas experiências durante o Webinar JornalCana NEXT – Sucesssão, Governança e Inovação. O evento online foi apresentado pelo diretor da ProCana Brasil, Josias Messias.

Assista na íntegra:

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