Subvenção: setor recebe apoio do Ministério da Agricultura

Nesta quarta-feira (27/2), em Brasília (DF), um grupo de representantes dos produtores de cana nordestinos, participou de diversas reuniões com autoridades políticas, entre elas, o Ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro. Em entrevista exclusiva, o presidente da Unida, Alexandre Lima, um dos participantes do movimento, confirma o apoio do ministro e o otimismo com o pleito em prol da subvenção econômica, que auxiliará na retomada do segmento que sofre com a situação da seca. Confira entrevista exclusiva do líder ao JornalCana:

JornalCana – Como foi a reunião com o ministro Mendes Ribeiro?

Alexandre Lima – A reunião foi muito boa, pois o ministro esteve no final do ano no Nordeste e pôde conhecer de perto os problemas provocados pela seca. O ministro prometeu apoio à MP 587, que garante o benefício relativo a safra 2011/12 por mais um ano. Também recebemos apoio do presidente da Câmara e do Senado. Mas geralmente a Fazenda e a Casa Civil devem dar parecer contrário. Mesmo assim, estamos esperançosos com a aprovação por parte da presidente Dilma, que já conhece o pleito há anos.

Existe um prazo para ser aprovada?

Essa MP perde validade no dia 21 de abril por isso precisamos da sua aprovação antes dessa data. Além disso, o problema da seca no Nordeste se prolonga a cada dia e a situação do produtor se complica mais. Recebemos essa subvenção há três anos mas o ideal seria ter recebido esse benefício no ano passado. Essa é uma briga anual no Congresso, mas sempre temos conseguido.

Uma Comissão seria responsável pela análise e aprovação do Documento, qual o próximo passo?

Uma reunião de trabalho da comissão mista estava marcada para esta quarta-feira (27/2). Ela será responsável por examinar e emitir parecer sobre a medida provisória que ampliou o pagamento de valor adicional ao benefício Garantia-Safra para a safra 2011/2012. Mas essa reunião foi adiada e possivelmente acontecerá na próxima semana. Mas estamos trabalhando com deputados e senadores para aprovar o texto na Comissão.

Como está a situação da safra neste momento? A próxima safra será afetada?

A redução de safra no Nordeste deve girar em torno de 30 a 35% e ainda assim, a Conab admite que essa queda será de 10% apenas, o que não é a realidade. As regiões mais criticas estão em Alagoas, Pernambuco e Rio Grande do Norte. A próxima safra deverá sofrer as consequências do quadro atual pois as baixas precipitações já provocaram morte das socarias. Além disso, o produtor está descapitalizado por perder 35% do faturamento de uma hora para outra. Hoje 90% dos produtores não estão conseguindo quitar suas dividas junto aos bancos (Brasil e Nordeste) e não conseguirão fazer seus tratos culturais adequados. É difícil dizer que a próxima será pior porque vai depender do cenário do inverno, mas com certeza, os canaviais receberão menos tratos culturais adequados devido a descapitalização do setor. Houve aumento dos custos de produção de uma safra para outrade no mínimo 20%, porém os números ainda não estão fechados.

Quais os principais problemas da próxima safra que inicia em meados de agosto?

As entidades como Feplana, Unida e Orplana pleiteiam diversas reivindicações junto ao governo como a desoneração, a questão do INSS, entre outros itens que constam nesses documentos enviados ao governo sem nenhum retorno. Em relação ao clima, mesmo se voltar a chover e melhorar os preços, que automaticamente daria condições do produtor investir no seu canavial, não acreditamos a recuperação na próxima safra. Entre os problemas da próxima temporada estão o excedente de açúcar no mundo, que gira em torno de 9 milhões de toneladas, que provoca pressão para a queda dos preços. O preço do açúcar chegou a 18,05 centavos de dólar por libra-peso, quando o valor remunerador seria em torno de 25,00 cents. E o Nordeste sempre foi mais açucareiro. Ainda lidamos com o problema da política setorial do governo brasileiro que dificulta o incentivo à produção de etanol. Esta política está quebrando a Petrobras e o setor, e muitas usinas estão fechando. Além disso, muitas usinas que poderiam transformar sua cana em açúcar, pensarão duas vezes com este quadro.