A consultoria StoneX apresentou sua 5ª Revisão do saldo global de açúcar na safra 2022/23 (out-set). Segundo a consultoria, o início deste ano, manteve as perspectivas de disponibilidade limitada do açúcar no curto prazo, cujo mercado virou para a safra 2022/23 (out-set) sob menores estoques de passagem – dada a estimativa de déficit no saldo global da commodity de 1,2 milhão de toneladas em 2021/22.
“Os agentes esperavam um alívio na oferta a partir do primeiro trimestre de 2023, quando, em teoria, Tailândia e Índia costumam concentrar suas exportações do adoçante. Contudo, a possível quebra na produção indiana e não liberação de uma nova cota de embarques pelo governo do país frustrou as projeções e o trade flow continua na espera de alívio do lado da oferta”, avalia o documento.
De acordo com a consultoria, as expectativas relativas ao continente asiático não se concretizaram. “O mercado esperava maiores volumes dos principais players – Índia, Tailândia, China e Paquistão. No momento, as estimativas apontam para cerca de 5,0 milhões de toneladas a menos nestes quatro países se comparadas às projeções mais prematuras entre os agentes”, informa o relatório.
Na Tailândia, até o dia 13 de março, a moagem de cana estava em 90,5 milhões de toneladas, 7,6% a frente da safra anterior. Com uma taxa de recuperação de açúcar acima da média, a produção do adoçante está ainda maior (+14,6%) no comparativo com 2021/22, já em 10,5 milhões de tons.
Contudo, o volume diário de cana começou a cair nas últimas semanas, com algumas unidades de processamento já terminando as operações antes do usual, fazendo com que a temporada tailandesa se encaminhe para seus momentos finais.
Por isso, entende-se que, por mais que a moagem em 2022/23 deva ser superior em relação ao ciclo anterior (que fechou em 92,07 milhões de tons de cana) pode ser que ela não supere, ou fique muito próxima, das 100 milhões de toneladas – as expectativas iniciais eram de até 110 milhões. Nesse sentido, a StoneX manteve a projeção para a produção de açúcar bruto na Tailândia em 11,2 milhões de toneladas.
No continente europeu, a situação permanece crítica. O clima seco ao longo de 2022 prejudicou o desenvolvimento dos campos da beterraba sacarina, em especial na França, principal produtor. O andamento da colheita e do processamento do tubérculo (que estiveram pressionados pelos altos custos no complexo de energia) trouxeram ainda maiores preocupações do lado da oferta europeia, que deve ter na safra 2022/23 uma queda de 8,0% no comparativo anual.
No Brasil, o Centro-Sul deve entrar forte no mercado global com o início da colheita 2023/24 (abr-mar), que deve ter produtividade ainda maior, dados os volumes de chuva desde agosto de 2022 na região, e o mix açucareiro no Centro Sul deve ir para 46,7% – expandindo as perspectivas para a oferta do açúcar brasileiro no período.
Nesse sentido, a produção da região dentro do calendário-safra internacional (out-set) deve chegar a 38,4 milhões de toneladas (bruto), aumento de 31,7% frente a 2021/22 – cerca de 400 mil tons acima do número de janeiro/23. No Norte-Nordeste, foi mantida a estimativa em 3,26 milhões de tons de açúcar bruto.
Segundo a StoneX, a perspectiva de superávit na temporada 2022/23 (out-set) no mercado de açúcar se mantém, mas o andamento de boa parte das safras desde outubro do ano passado vem apontando para um saldo menor do que se esperava em projeções mais prematuras.
“A Índia deve exportar 5,0 milhões de toneladas a menos no comparativo com o ciclo anterior (que terminou em déficit, vale notar), quando o país direcionou cerca de 11 milhões de toneladas para o mercado global. Em 2022/23, os três principais exportadores (Brasil, Índia e Tailândia) devem, juntos, ofertar mais açúcar ao comércio global, mas a grande parcela desse volume deve se concentrar na safra 2023/24 (abr-mar) do Centro-Sul brasileiro, que deve impactar de forma mais significativa o trade flow a partir de maio”, explica o documento.
Em termos de balanço de O&D global, a StoneX estima, assim, superávit de 2,5 milhões de toneladas de açúcar, corte de 2,5 mmt do projetado em janeiro/23. A revisão se deu pela estimativa mais pessimista na produção indiana e nos ajustes realizados em players como a Rússia, a China e o México – o Centro-Sul do Brasil, por sua vez, amenizou o cenário de redução do superávit já que deve ter crescimento produtivo ainda maior do que se esperava. Com isso, os estoques finais devem crescer para 75,6 milhões de toneladas, fazendo com que a relação estoque/uso se posicione em 39,7% (+0,9 ponto percentual).