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SP: no 1º mês da safra, álcool fica 2% mais caro nos postos

O início da safra de álcool já trouxe reflexos para o bolso do consumidor. Nas últimas quatro semanas, o valor do litro do álcool hidratado (que abastece diretamente os veículos) nas usinas de São Paulo caiu 13,8%, de R$ 0,765 para R$ 0,66, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP). Enquanto isso, o preço do combustível das distribuidoras para os postos elevou-se em 0,47% e, da bomba para o consumidor, a variação foi ainda maior, de 2,1%, segundo pesquisa da Agência Nacional de Petróleo (ANP).

“O que ocorre é que o recuo de preço na usina ainda não foi uniforme, ou seja, não atingiu todas as unidades produtoras”, afirma Roberto Peck, diretor da Área de Álcool do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom). Segundo ele, há uma semana ainda havia distribuidoras que não encontravam álcool no mercado.

“A moagem ainda não está a pleno vapor, portanto, os preços não têm muita força para cair”, justifica Peck. Ele reconhece, entretanto, que há casos em que há margem para reduzir, mas a distribuidora, por estar em uma localização estratégica, segura um pouco a baixa até haver pressão da concorrência.

“A gente costuma dizer que no neste setor os preços sobem de foguete e descem de pára-quedas”, diz Paulo Miranda Soares, presidente da Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes (Fecombustíveis). Ele acrescenta que os postos têm dificuldades porque sabem que quando circula a notícia de que o preço subiu na usina, a própria distribuidora remarca na hora. “Nós somos proibidos de comprar diretamente da usina. Somos obrigados a praticar o preço que a distribuidoras nos vendem”, reclama Soares.

Sobre o fato de, nas últimas quatro semanas, o preço do álcool na distribuidora ter subido 0,47% e, nos postos, 2,1% (quatro vezes mais), o presidente da Fecombustíveis reconhece que pode ter acontecido de os postos terem aumentado mais do que as distribuidoras no período.

“Passamos por uma crise nas últimas semanas de alguns postos ficarem sem um litro de álcool para vender. Quando este produto chegou ao posto, o proprietário pode ter aumentado o preço, uma vez que a demanda estava maior que a oferta. Em alguns estados, como Bahia e Minas Gerais ainda temos tido dificuldades para obter o produto”, afirma Soares.

Segundo pesquisa da ANP, no último mês o preço do álcool ao consumidor final em Minas Gerais ficou 2,3% mais caro. Para a Bahia, a pesquisa identificou valores 5,6% mais altos.

O presidente da União dos Produtores de Bioenergia (Udop), José Carlos Toledo, que representa as usinas do Oeste de São Paulo, garante que não está faltando álcool no mercado e que a diferença entre o recuo dos preços na usina e o aumento nos postos se deve à típica disputa de começo de safra. “São as usinas tentando segurar os preços e distribuidoras tentando derrubar”, afirma Toledo.

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