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A sobrevivência virou trunfo

Por incrível que pareça, quem diria, a sobrevivência virou um trunfo. Nunca antes na história esse setor vivenciou tanta pressão negativa como a atual. Desprezo político, preços atrelados até aos de concorrentes, como derivados de petróleo, endividamento, baixa produtividade, custos de produção acima da realidade, inacessibilidade ao capital e outros fatores adversos tentam sufocar o setor. Debaixo desta carga, e só, suportando toda a pressão, está a demanda, tanto por açúcar quanto por etanol e bioenergia. Estas continuam mais altas do que as ofertas. Por essa que é uma das principais leis do capitalismo, a da oferta e da procura, pela lógica, o preço destes produtos deveria ser melhor. Mas por que no setor isto não funciona? Uma das respostas é que sofremos limitação artificiais nos preços desses produtos.

Quando tudo parece sem solução, eis que estas próprias pressões fazem surgir em boa parte dos empreendedores do setor uma força quase sobrenatural e dali nasce um movimento de reação pela sobrevivência. Isto porque eles próprios são os sobreviventes. Foi o que aconteceu neste 2014. Passado o tsunami, no rescaldo notou-se que os aventureiros e descompromissados ficaram pelo caminho e algumas unidades geridas nestes moldes foram fechadas ou entraram em recuperação judicial.

Os sobreviventes, por sua vez, só permaneceram vivos porque concluíram que não podiam depender do mercado ou da política e seus políticos. E nesta busca pela sobrevivência o que temos visto é um movimento que se abre para alternativas não convencionais e que leva a mudanças de paradigmas.

Se há um fator positivo nessa crise é o de que ao bater no fundo do poço muita gente percebeu ao mesmo tempo o perigo da profundidade do buraco mas o alívio de que não afundaria mais. E, enquanto lutava pela sobrevivência, passou a pensar melhor nos meios de sair do fosso, ainda que isso implicasse em abrir mão de muita coisa, em cortar na própria carne. Passou a trabalhar disposto a abrir mão da vaidade e do controle. Passou a compartilhar o poder e a revelar humildade para receber ajuda externa. Enfim, decidiu-se a descer no pedestal.

Ao descer da posição quase deificada, passou a enxergar as coisas pela ótica realista. E o que era luta pela sobrevivência virou seu trunfo. Um sobrevivente conhece o caminho das pedras, mas sabe que jamais poderá se descuidar ao andar sobre elas. Precisará estar sempre atento. Que estejamos assim neste 2015. Em pé. E atentos.

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