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Sistemas de transporte de cana

Grande parte das usinas do setor sucroalcooleiro se perguntam: Qual o melhor sistema de transporte de cana de açúcar nas suas condições de trabalho? O que sinaliza o mercado de implementos rodoviários dentro da legislação? E quanto aos órgãos regulamentadores e fiscalizadores, DER, concessionárias de rodovias e polícia militar rodoviária?

Várias são as opiniões e o assunto é complexo e polêmico, sobretudo político, pois depende muito da boa vontade dos governantes.

A legislação que rege as Combinações de Veículos de Carga (CVC) pode ser contestada, mas nunca desobedecida. Ela é a principal proteção do cidadão usuário das rodovias. Nós administradores dessas empresas temos uma imensa responsabilidade nas ações. Este setor requer atenção total, onde segurança é indispensável. A manutenção do equipamento e o treinamento de pessoal envolvido, andam juntos com a busca sempre de novas tecnologias e o próprio conhecimento do assunto.

Limites impostos pela lei: largura, altura, comprimentos, balanço traseiro, pára-choque homologado, pesos por eixos, entre outros …, são conceitos básicos que muitas vezes são desrespeitados.

O cálculo de distribuição de carga nos eixos é um fator importantíssimo para a otimização das CVC. Essa operação matemática deve ser realizada toda vez que se alterar a aplicação do veículo trator. Com isso garantimos uma perfeita transmissão da carga para o chassi do veículo, boa dirigibilidade, evitando danos ao pavimento, como também desgastes prematuros de peças e pneus.

No atual cenário do transporte canavieiro, poderíamos citar as seguintes considerações:

· O treminhão não atende os limites de pesos por eixo, além do fato de algumas empresas não dimensionarem esta CVC num comprimento adequado para romeu/julieta (19,80m).

· Há enormes dificuldades em se obter Autorização Especial de Trânsito, tanto nos DERs, quanto nas concessões.

· As regionais dos DERs adotam critérios diferenciados de interpretação da legislação, além de não reconhecerem trabalhos elaborados por universidades conceituadas de viabilidade de várias CVC.

· As alterações de placas de sinalização de rodovias tem custos elevados.

· Exigência de limpeza das canas nas estradas.

· As CVC chamadas romeu/julieta maiores que 19,80m não circulam à noite.

· Empresas que trafegam em rampas superiores a 5%, tem problemas em conseguir AET.

· Algumas regiões do estado estão exigindo lona na carga de cana.

· As licenças dependem de laudo de avaliação do trajeto e das obras de arte.

· Não aceitação e desconforto da sociedade pelos veículos longos.

· Possibilidade de retorno das Autorizações Especiais para São Paulo-SP.

· Rodotrem de 19,80m de comprimento agride pavimento e obras de arte, segundo DER.

· E a forte atuação das balanças móveis nas fiscalizações.

Diante desse quadro, acreditamos que as tendências do setor estão listadas a seguir:

· Romeu/julieta com 19,80m com uma correta distribuição de carga, ou seja, veículo trator com caixa de carga menor e reboque trucado para aumentar capacidade.

· A CVC chamada bi-trem (figura) seria uma boa solução na cana picada (topografia regular), com comprimento 19,80m, o que permitiria rodar noite e dia, sem trajeto definido. Apenas fica a dúvida operacional, já que esta composição não foi testada na cana, fazendo grande sucesso em outros segmentos.

· O mercado de implementos rodoviários canavieiro sinaliza maiores vendas para o sistema rodotrem. Estabilidade, melhor distribuição de carga e possibilidade de desengate para trabalho individual, são algumas vantagens encontradas neste equipamento.

· A fiscalização com balanças móveis, nos força a exigir dos fabricantes taras menores. Perfis esbeltos e mais leves, novos materiais e ligas como alumínio farão a diferença.

· No gráfico podemos ver uma simulação dos custos (R$/t x KM) das principais composições utilizadas. Consideramos: lei de balança, cana picada com transbordo e restrição de horário para treminhão e rodotrem.

Entendemos que nessa competição, temos que ser eficientes com responsabilidade e segurança, respeitando todos os envolvidos. Esse é o desafio que o tema nos apresenta.

José Paulo Vitaliano Voi é engenheiro mecânico

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