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Sinais favoráveis no agronegócio

Depois de três anos consecutivos de crise, a agricultura brasileira identifica alguns sinais de alívio. A produção e a receita previstas para 2007 ainda serão bem modestas, porém com melhor equilíbrio entre custos e preços, em especial no caso dos produtores que enfrentam problemas menores de infra-estrutura para escoamento da safra. Um bom exemplo deste quadro é o que ocorre com o algodão. A safra futura ainda não foi plantada e a atual não terminou, mas o cotonicultor já negociou com o mercado externo 40% da produção. E a preço compensador.

A estimativa do mercado é deque de 450 mil a 600 mil toneladas de plumas, a serem colhidas na metade de 2007, foram comercializadas antecipadamente. É a melhor marca do setor desde a safra 2003/04. Boas vendas geram melhor expectativa de plantio, que pode crescer até em 20% neste ano. Essa recuperação foi explicada pelo consultor Miguel Biegai Jr., dizendo que neste ano as vendas estão melhores “pela própria liquidez do mercado”. Ele ponderou que o atual boom é produto de ajuste interno e externo do algodão.

De fato, o algodão é a primeira das culturas que estavam em crise a sair dela. Pelas estimativas da consultoria Agroconsult, a margem do algodão será de 21%, enquanto, por exemplo, a soja ainda terá rentabilidade negativa de 4%. Porém, na colheita anterior, os dois produtos tiveram margem negativa, respectivamente, de 12% e 22%.

Esta situação deve se alterar em diversas culturas, porque a safra 2006/07 será mais barata que as duas últimas. A queda nos custos de produção fará com que o gasto para o plantio de verão seja de R$ 70 bilhões, redução de 30% em relação à última safra, segundo os dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

A expectativa para a soja ainda é de queda de cerca de 10% na produção e na área plantada. Com isso, a safra deve somar só 47,5 milhões de toneladas, o menor volume desde 2002. O maior recuo na área plantada de soja deve ocorrer no Centro-Oeste, em torno de 20%, conforme o estado, e menor no Sul, cerca de 10%. Vale notar, no entanto, que os custos variáveis de produção de soja, no entanto, farão que o grão volte a ser um bom negócio, por exemplo, para produtores do Sul. No caso do milho, a retração será menor, cerca de 4%, em relação à última safra.

Já no setor sucroalcooleiro, a expectativa é mais promissora. As exportações de açúcar e álcool, impulsionadas pelo crescimento da demanda mundial, devem alcançar entre US$ 6,5 bilhões e US$ 7 bilhões, ante US$ 4,8 bilhões de 2005, segundo os cálculos da CNA. Só nos primeiros sete meses do ano, as vendas externas de açúcar e álcool atingiram US$ 3,5 bilhões, expansão de 40,3% em relação ao mesmo período de 2005.

Não é muito diferente a previsão quanto ao comércio externo de carne, que deve manter, em 2006, os mesmos US$ 8 bilhões obtidos no ano passado. Aliás, em agosto, as exportações de carne bovina registraram recorde, com venda de US$ 403 milhões. Os dados da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) mostram expansão de 18%, em relação às vendas do mesmo mês do ano passado. Vale lembrar que em agosto de 2005 não existiam os embargos estrangeiros devido aos focos de febre aftosa registrados no final do ano. Já no mercado interno, os preços do boi gordo tiveram alta de 14,3% entre julho e setembro, a maior alta de preços na entressafra da pecuária brasileira.

Na cultura do algodão podem estar os primeiros sinais de recuperação do agronegócio. Douglas Makazone, analista da Agroconsult, explicou que, ao vender antecipadamente, o produtor trava o preço e tem melhores condições de aproveitar cotações remuneradoras. No algodão é normal fazer a comercialização antes do plantio, aumentando a segurança do produtor. Quase metade da colheita a ser cultivada já foi vendida. Apesar disso, é preciso lembrar que a exportação brasileira de algodão está relacionada à queda de produção na Austrália.

Os especialistas, no entanto, olhando os primeiros passos da recuperação do setor, consideram que, apesar da descapitalização das últimas décadas, a melhor orientação é manter o nível tecnológico para retomar a produtividade. É conselho sensato.

kicker: A safra ainda não foi plantada, mas 40% do algodão já foi vendido. Açúcar deve exportar tanto quanto carne e custo da soja recuou

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