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Setor vive crise estrutural, longe de acabar

A indústria da cana-de-açúcar vive uma das piores crises da história – para alguns especialistas, mais séria que a da 1989, quando milhares de motoristas ficaram a pé por falta de combustível. Hoje, como os motores flex, não há riscos dessa natureza. Mas nem por isso a situação deixa de ser delicada. Com a crise de 2008, o setor saiu de uma onda de euforia para uma apatia extrema. Endividadas no curto prazo, muitas empresas entraram em processo de recuperação judicial ou foram incorporadas por grandes grupos. Outras continuam até hoje debilitadas, mas tentando se reerguer.

Nesse período, preocupadas em se manter de pé, deixaram de lado o bem mais precioso do setor: a cana-de-açúcar. Sem dinheiro em caixa, as companhias não investiram na renovação dos canaviais, que enfrentaram condições climáticas bastante desfavoráveis. Para piorar o cenário, as cerca de 120 novas unidades abertas a partir de 2005 em várias regiões do País não tiveram o resultado esperado. As variedades de cana plantada não se adaptaram da forma como os investidores planejaram. Resultado: a produtividade desabou, enquanto o consumo de etanol não parava de crescer.

Hoje, o setor vive a crise da falta de cana. Algumas usinas estão com 15%, 20%, 30% da capacidade ociosa porque não tem matéria-prima para produzir, relata o ex-presidente da União da Indústria da Cana de Açúcar (Unica), Eduardo Pereira de Carvalho, da Consultoria Expressão. “É uma crise muito séria. É estrutural e está longe de acabar. Para renovar um canavial, leva-se 4 ou 5 anos. Estamos chegando ao fundo do poço. Precisamos de uma política de investimento.” Mas é preciso ir além: o governo tem de definir de forma clara qual será o futuro do etanol na matriz energética brasileira.

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