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Setor vai investir US$ 3 bi na construção de usinas

As usinas de açúcar e álcool devem começar 2005 com o pé direito. As estimativas para o próximo ano são de preços firmes para o açúcar no mercado internacional e demanda aquecida para álcool nos mercados interno e externo. Os fundamentos positivos para o setor sucroalcooleiro sustentam os programas de investimentos do setor, que estão projetados em cerca de US$ 3 bilhões até 2010, com a construção de 40 novas usinas somente na região Centro-Sul do país.

“Existe um forte movimento de investimentos para o setor, uma vez que a demanda para álcool, sobretudo, é crescente”, afirma Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica).

Os projetos de novas usinas já começaram a sair do papel. A Unica considera que para cada projeto o investimento é de, no mínimo, US$ 80 milhões, incluindo a parte industrial e agrícola. Na safra 2005/06, com início da moagem a partir de maio de 2005, a expectativa de Padua é de que 12 novas usinas estejam em operação, sobretudo em São Paulo e Minas Gerais.

A Unica trabalha com um crescimento de 80 milhões de toneladas de cana-de-açúcar até 2010, das atuais 330 milhões de toneladas de cana na região Centro-Sul que estão sendo colhidas nesta safra, a 2004/05. “Cada projeto de usina deverá ter capacidade para moer 2 milhões de toneladas de cana”, diz Padua.

Esses investimentos deverão se refletir no aumento da área plantada com a matéria-prima no país. A Unica projeta uma expansão de mais 2 milhões de hectares, para 7,2 milhões de hectares em 2010.

Se todos os projetos forem confirmados, a região Centro-Sul do país -responsável por 85% da produção nacional — terá uma oferta extra de 15 bilhões de litros de álcool, dobrando o atual volume produzido no país. Hoje a produção nacional está estimada em 15 bilhões de litros. “Há uma demanda maior por álcool no mercado interno, com os investimentos nos veículos flex fuel (os chamados bicombustíveis)”, observa Padua.

No mercado externo, o setor sucroalcooleiro tem se beneficiado da maior demanda nos Estados Unidos e na Índia. Há perspectivas de que as usinas brasileiras aumentem sua participação com álcool no exterior, a partir do momento em que países da Europa e da Ásia implementem o programa de mistura do álcool na gasolina, como ocorre no Brasil desde a década de 70. As exportações atuais estão projetadas em 2,5 bilhões de litros. As projeções mais conservadoras estimam embarques de 5 bilhões de litros de álcool por ano a partir de 2010. O mercado do Japão tem um potencial para 6 bilhões de litros de álcool por ano, caso o governo regulamente a mistura de álcool em 10%.

Para o açúcar, o crescimento no mercado internacional deverá ter um ritmo mais lento que o do álcool, afirma Padua. A vitória do Brasil, ao lado da Austrália e Tailândia, na Organização Mundial do Comércio (OMC), contra a política de subsídios praticadas pela União Européia, permitirá que o Brasil avance sobre os mercados que hoje são ocupados pela Europa.

Se a União Européia reduzir sua participação em açúcar no mercado internacional, hoje com exportações de 5 milhões de toneladas de açúcar por ano, o Brasil poderia abocanhar, no mínimo, metade deste mercado, segundo projeções de analistas de mercado. Atualmente, o Brasil exporta cerca de 15 milhões de toneladas de açúcar por ano.

O avanço do setor sucroalcooleiro ocorre com mais ênfase desde o final da década de 90, com a recuperação dos preços internacionais do açúcar. Os baixos custos de produção e terras baratas atraíram investimentos de grupos estrangeiros. Os grupos franceses Tereos e Louis Dreyfus estão no Brasil há quatro anos. Outros grupos estrangeiros sondaram o mercado, mas nenhuma outra aquisição foi concretizada até o momento.

As projeções de expansão no país são consideradas a terceira fase de ouro do setor sucroalcooleiro. Na década de 70, o setor experimentou seu primeiro grande “boom” de investimentos, com a implementação do Proálcool, colocando o país na vanguarda tecnológica com a utilização do álcool como combustível. A segunda fase ocorreu a partir da década de 90, com a desregulamentação do governo no mercado de açúcar e álcool e a extinção do Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA). A terceira fase de investimentos do setor contempla uma expansão calcada na maior demanda do álcool.

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