A participação do setor sucroenergético na produção de biogás pode chegar a 66% segundo estudos do Programa de Energia para o Brasil (BEP, em inglês). O potencial do aproveitamento para a geração de energia elétrica é de 15 TWh.
De acordo com o estudo, o potencial total de biogás no Brasil é de 10,9 bilhões Nm3/ano, equivalente à produção de 22,9 TWh/ano ou quase 5% do consumo nacional de energia elétrica. Somente o setor sucroenergético seria responsável por 7,2 bilhões Nm3/ano desse potencial (66%), considerando apenas o aproveitamento da vinhaça e da torta de filtro para a produção de biogás.
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A informação foi apresentada pelos representantes do Programa de Energia para o Brasil Leidiane Mariani e Jorge Vinícius Neto, no 15º Webinar sobre Cenários no Mercado de Energia Elétrica, promovido pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) e pela Associação da Indústria de Cogeração de Energia (COGEN).
Leidiane Mariani salientou em sua apresentação que esse potencial é de curto prazo apenas, supondo, a princípio, que a produção de biogás no setor sucroenergético não possui grandes barreiras tecnológicas para ser viabilizada e o combustível já está concentrada e disponível para uso.
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Para Zilmar Souza, gerente de bioeletricidade da UNICA, o biogás é uma alternativa sustentável para a produção de energia no Brasil, pois é feito a partir de subprodutos da cana e da produção de etanol e açúcar, como bagaço, torta de filtro, palha e vinhaça. Além de ser usado para produzir bioeletricidade, o biogás também pode ser transformado em biometano e utilizado na matriz de transportes, sendo uma alternativa ao diesel.
Equivalente à meia Itaipu
“Se agregarmos mais 15 TWh à oferta anual de bioeletricidade sucroenergética para a rede significaria termos uma produção equivalente à metade da geração anual da usina Itaipu, considerando a sua produção do ano passado. Como é uma energia renovável seria também equivalente a evitar a emissão anual de 10,5 milhões de toneladas de CO2, marca que somente seria atingida com o cultivo de 73 milhões de árvores nativas ao longo de 20 anos”, avalia.
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O Programa de Energia para o Brasil é parte do Programa de Cooperação UK-Brasil, do governo britânico em apoio ao desenvolvimento econômico em países parceiros, sendo implementado por um consórcio de cinco organizações – Instituto 17, Adam Smith International, Hubz, Carbon Limiting Technologies e FGV.
Segundo o BEP, o objetivo do programa é acelerar a transição energética do Brasil com inovação em tecnologias limpas que serão utilizadas para enfrentar os desafios sociais, sendo realizado em parceria com o governo do Brasil, as indústrias de energia brasileiras e as múltiplas instituições locais envolvidas na preparação para o progresso por meio de políticas e regulamentações de ajuste fino para promover as energias renováveis.