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Setor de etanol reage à expectativa de mudanças

Começou a moagem da safra de 2013-14 da cana-de-açúcar em algumas usinas do Centro-Sul do país, que será a mais “alcooleira” das últimas cinco safras. Desde a safra 2009/10 as usinas não direcionavam tanta capacidade para o etanol. A previsão é que 55,8% da cana colhida nesta safra será destinada à produção do biocombustível e 44,2% à fabricação de açúcar. Na safra anterior, a relação havia sido de meio a meio.

O aumento da produção do etanol é consequência da melhoria dos preços do produto que, nesta altura do ano, estão 8% acima da cotação do açúcar de exportação e com tendência de alta.

Duas medidas tomadas neste início de ano pelo governo explicam a elevação dos preços do etanol e o consequente interesse dos produtores, que andaram mais atraídos pela soja e pelo açúcar. Uma delas foi a decisão de elevar a parcela do álcool anidro na mistura da gasolina de 20% para 25% a partir de maio. Movido provavelmente pela necessidade de reduzir as importações de combustíveis, que vêm onerando em muito a balança comercial e as contas da Petrobras, o governo resolveu voltar ao padrão da mistura de álcool e gasolina de outubro de 2011. Não é por outro motivo que a maior parte das usinas do Centro-Sul que iniciaram a moagem da cana consultadas pelo Valor pretende produzir mais o álcool anidro.

O outro acontecimento que animou a produção de etanol foi o aumento de 6,6% do preço da gasolina no fim de janeiro. Por tabela, o preço do etanol também foi ajustado porque os dois guardam estreita relação. Para compensar a diferença de poder energético entre os dois tipos de combustível, o álcool normalmente deve custar até 70% do valor da gasolina.

Até então, o governo vinha segurando o preço da gasolina para não pressionar a inflação. No ano passado, chegou a acabar com a Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico (Cide) que incidia sobre o produto para compensar o reajuste da gasolina. Neste ano, aproveitou a brecha aberta pela redução das tarifas de energia elétrica, que reduziu a inflação.

Ao segurar a gasolina, o governo não só prejudicou a Petrobras – que já estava importando combustível a preços superiores aos do mercado interno – e a balança comercial, mas também o setor de etanol. Há quem diga que a gasolina possa ter novo aumento neste ano, mas tudo depende da trajetória da inflação, que não é favorável.

Por enquanto, a nova correlação de preços ainda não anima os consumidores a voltarem ao etanol hidratado, que tem perdido terreno nos últimos três anos. Em 2010, cerca de 60% dos veículos bicombustíveis do país usavam o etanol. O percentual despencou desde então, o que é uma pena considerando o impacto ambiental positivo e o fato de o país estar jogando por terra uma tecnologia em que foi pioneiro mundialmente. O programa Proálcool é de 1975 e há cerca de 30 anos o etanol hidratado é utilizado no país.

O governo estima, segundo “O Globo” (edição de 10 de março), que a produção de etanol seja de 26 bilhões a 27 bilhões de litros neste ano. Países que começaram a pesquisar o etanol depois, como os Estados Unidos, agora estão na frente e até importam o combustível brasileiro.

O governo prepara também um pacote de incentivo ao etanol, que deve ser anunciado ainda neste mês ou em abril. Uma das medidas em estudo é a desoneração da produção, com a redução praticamente total da alíquota de PIS-Cofins, hoje de 9,25%. Pode haver também a desoneração da folha de pagamentos dos trabalhadores do setor.

Além das medidas em estudo, será necessária estabilidade de regras para animar o setor. Desde 2008, com a crise internacional, os novos projetos na área de etanol foram engavetados e o pouco crescimento da produção registrado foi devido ao aumento da capacidade das usinas existentes. Para mudar esse quadro, é preciso criar condições para que o setor recupere a rentabilidade. Análise das últimas 13 safras, desde a de 2000-01, feita pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, mostra que os preços do etanol anidro caiu e do hidratado está praticamente igual, não cobrindo custos como o aumento dos salários dos trabalhadores do setor e desestimulando os novos investimentos, inclusive em pesquisa agrícola, tão necessários para a expansão da produção.

Setor de etanol reage à expectativa de mudanças

Começou a moagem da safra de 2013-14 da cana-de-açúcar em algumas usinas do Centro-Sul do país, que será a mais “alcooleira” das últimas cinco safras. Desde a safra 2009/10 as usinas não direcionavam tanta capacidade para o etanol. A previsão é que 55,8% da cana colhida nesta safra será destinada à produção do biocombustível e 44,2% à fabricação de açúcar. Na safra anterior, a relação havia sido de meio a meio.

O aumento da produção do etanol é consequência da melhoria dos preços do produto que, nesta altura do ano, estão 8% acima da cotação do açúcar de exportação e com tendência de alta.

Duas medidas tomadas neste início de ano pelo governo explicam a elevação dos preços do etanol e o consequente interesse dos produtores, que andaram mais atraídos pela soja e pelo açúcar. Uma delas foi a decisão de elevar a parcela do álcool anidro na mistura da gasolina de 20% para 25% a partir de maio. Movido provavelmente pela necessidade de reduzir as importações de combustíveis, que vêm onerando em muito a balança comercial e as contas da Petrobras, o governo resolveu voltar ao padrão da mistura de álcool e gasolina de outubro de 2011. Não é por outro motivo que a maior parte das usinas do Centro-Sul que iniciaram a moagem da cana consultadas pelo Valor pretende produzir mais o álcool anidro.

O outro acontecimento que animou a produção de etanol foi o aumento de 6,6% do preço da gasolina no fim de janeiro. Por tabela, o preço do etanol também foi ajustado porque os dois guardam estreita relação. Para compensar a diferença de poder energético entre os dois tipos de combustível, o álcool normalmente deve custar até 70% do valor da gasolina.

Até então, o governo vinha segurando o preço da gasolina para não pressionar a inflação. No ano passado, chegou a acabar com a Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico (Cide) que incidia sobre o produto para compensar o reajuste da gasolina. Neste ano, aproveitou a brecha aberta pela redução das tarifas de energia elétrica, que reduziu a inflação.

Ao segurar a gasolina, o governo não só prejudicou a Petrobras – que já estava importando combustível a preços superiores aos do mercado interno – e a balança comercial, mas também o setor de etanol. Há quem diga que a gasolina possa ter novo aumento neste ano, mas tudo depende da trajetória da inflação, que não é favorável.

Por enquanto, a nova correlação de preços ainda não anima os consumidores a voltarem ao etanol hidratado, que tem perdido terreno nos últimos três anos. Em 2010, cerca de 60% dos veículos bicombustíveis do país usavam o etanol. O percentual despencou desde então, o que é uma pena considerando o impacto ambiental positivo e o fato de o país estar jogando por terra uma tecnologia em que foi pioneiro mundialmente. O programa Proálcool é de 1975 e há cerca de 30 anos o etanol hidratado é utilizado no país.

O governo estima, segundo “O Globo” (edição de 10 de março), que a produção de etanol seja de 26 bilhões a 27 bilhões de litros neste ano. Países que começaram a pesquisar o etanol depois, como os Estados Unidos, agora estão na frente e até importam o combustível brasileiro.

O governo prepara também um pacote de incentivo ao etanol, que deve ser anunciado ainda neste mês ou em abril. Uma das medidas em estudo é a desoneração da produção, com a redução praticamente total da alíquota de PIS-Cofins, hoje de 9,25%. Pode haver também a desoneração da folha de pagamentos dos trabalhadores do setor.

Além das medidas em estudo, será necessária estabilidade de regras para animar o setor. Desde 2008, com a crise internacional, os novos projetos na área de etanol foram engavetados e o pouco crescimento da produção registrado foi devido ao aumento da capacidade das usinas existentes. Para mudar esse quadro, é preciso criar condições para que o setor recupere a rentabilidade. Análise das últimas 13 safras, desde a de 2000-01, feita pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, mostra que os preços do etanol anidro caiu e do hidratado está praticamente igual, não cobrindo custos como o aumento dos salários dos trabalhadores do setor e desestimulando os novos investimentos, inclusive em pesquisa agrícola, tão necessários para a expansão da produção.

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