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Setor de etanol da UE diz não ter culpa por alta de alimentos

A produção européia de etanol não pode ser responsabilizada pela alta no preço dos grãos, afirmaram nesta quinta-feira (24) representantes da indústria alemã de biocombustíveis, durante uma conferência.

Apenas 2,6% da produção alemã de 40,9 milhões de toneladas de grãos em 2007 foram usados para produzir etanol, e apenas 1,5% do total de 267 milhões de toneladas de grãos da União Européia (UE) teve o mesmo destino, disse Doerte Bieler, da associação alemã da indústria de etanol LAB.

“Não se pode argumentar que esse nível de utilização de grãos na produção de etanol possa ser o responsável pelo aumento no preço dos grãos da UE no ano passado”, afirmou Bieler durante a conferência Clean Moves Expo.

“O preço dos grãos aumentou devido a outros fatores, tais como safras ruins e a especulação”, disse. “Os preços dos grãos caíram em 30% nas últimas semanas, o que seria um indício provável de que uma grande quantidade de dinheiro especulativo está rodando atualmente nos mercados de grãos.”

Mas a produção de biocombustível nos EUA encontra-se em um patamar mais alto e pode ter sido responsável pela elevação do preço dos grãos, afirmou Bieler. Vários políticos, entre os quais o primeiro-ministro da Grã-Bretanha, Gordon Brown, levantaram preocupações de que o aumento do volume de produção de biocombustíveis com o objetivo de reduzir o aquecimento global está por trás do aumento mundial do preço dos alimentos.

Albrecht Schaper, gerente comercial da produtora alemã de etanol Fuel21 GmbH, disse que a Alemanha conta com grandes excedentes de grãos e açúcar que são tradicionalmente exportados, já que não podem, em geral, serem absorvidos pelo mercado interno daquele país.

“Nos últimos 30 anos, fomos criticados porque exportamos grãos a preços baixos para o mundo todo”, afirmou Schaper. “Agora, descobrimos uma utilização para os grãos, fazendo com que talvez não tenhamos mais de exportá-los. E isso, de repente, também está errado.”

Segundo Schaper, os incentivos ao desenvolvimento repassados ao Terceiro Mundo precisam concentrar-se mais no aumento da eficiência agrícola.

Ingo Klenk, da produtora alemã de etanol CropEnergies, disse que o debate comida versus biocombustível vem ignorando o fato de que grandes volumes de ração animal derivam da produção de etanol.

Cerca de 2,6 toneladas de ração animal foram produzidas para cada hectare de grãos usados na fabricação de etanol. Isso significa que os grãos dirigidos para a produção de biocombustíveis continuam presentes na cadeia mundial de alimentos.

Klenk defendeu uma postura mais coordenada dos governos no aumento da produção de biocombustíveis a fim de garantir que não haja uma competição por matéria-prima entre os fabricantes de alimentos e os de biocombustíveis.

Isso envolveria especialmente uma ampliação paulatina da produção de biocombustíveis, evitando saltos repentinos.

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