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Setor de biocombustível dos EUA espera retomada este ano

O etanol de celulose, a próxima esperança da indústria de biocombustível, afetado no último ano pela volatilidade das commodities e redução de margens, continua sua lenta marcha à comercialização.

Maior produtora de etanol dos EUA, a Poet abriu as torneiras de uma biorrefinaria de US$ 8 milhões em seu centro de pesquisas em Dakota do Sul, que produzirá por ano 76 mil litros de combustível de sabugo e fibras de milho normalmente deixados sem uso no campo. A usina-piloto servirá como precursora da biorrefinaria maior, de escala comercial, de US$ 200 milhões, prevista para operar em Iowa, em 2011.

A Poet é uma das várias usinas sustentadas por centenas de milhões de dólares em concessões do Departamento de Energia americano, idealizada para ajudar a evolução dos combustíveis de matérias-primas como gramíneas, palha de trigo e aparas de madeira. A indústria faz etanol de milho há mais de 20 anos. Jeff Broin, CEO da empresa, prevê que agregar o sabugo à composição elevará o rendimento de etanol em 11% por bushel de milho e 27% por acre plantado.

A expansão das duas formas de produção ajudará os EUA a atingir suas ambiciosas metas de uso de combustíveis renováveis, que exigirão a mistura de 136 bilhões de litros de biocombustíveis à gasolina até 2022, segundo Broin. “Há potencial, tanto no etanol de celulose como no de grãos, para reduzir a dependência do nosso país por energia”, diz.

Quase todo o etanol nos EUA é feito de milho, e 2008 foi um ano difícil para o setor. A VeraSun Energy, segunda maior produtora do país, entrou com pedido de recuperação judicial após o aperto no crédito tê-la impossibilitado enfrentar as oscilações no preço dos combustíveis e do milho. As ações da Aventine Renewable Energy, Pacific Ethanol e BioFuel Energy perderam em torno de 95% do valor durante o ano.

A florescente indústria de etanol celulósico, porém, provavelmente já se depararia com a inquietude dos investidores mesmo se o país não estivesse enredado entre a letargia do mercado de crédito e a recessão da economia, advertiu Cole Gustafson, economista especialista em biocombustíveis na Universidade Estadual de Dakota do Norte, em Fargo.

As atuais usinas de etanol de milho possuem referenciais de desempenho consistentes, que se encaixam bem no balanço financeiro, enquanto a indústria de etanol celulósico testa uma ampla variedade de matérias-primas, o que poderia confundir os investidores. As empresas trabalham com múltiplos processos de conversão, tanto biológicos como termomecânicos, e a indústria precisa determinar seus mercados para matérias-primas e descobrir como transportá-las, afirmou Gustafson.

“Como conseqüência será muito difícil conseguir capital de Wall Street e de outros investidores que estão à margem da agricultura”, disse.

Embora nenhuma biorrefinaria de etanol de celulose tenha alcançado escala comercial até agora, a usina da Poet é uma entre as várias fábricas em fase experimental que foram abertas nos últimos 12 meses.

A KL Energy Crop, na Dakota do Sul, começou a operar uma usina em janeiro de 2008, com capacidade para produzir 5,7 milhões de litros de etanol por ano a partir de restos de madeira. A Verenium inaugurou em abril uma usina na Louisiana que transformará resíduos agrícolas e de madeira 5,3 milhões de litros de combustível por ano. E a AE Biofuels, na Califórnia, abriu uma usina de provas em agosto, com mais de 800 metros quadrados, em Montana, na qual testará a criação de combustíveis a partir de produtos não comestíveis, como palha de trigo e grama.

Produzir etanol de materiais diversos não é tarefa fácil. A celulose é densa e difícil de desmembrar do resto dos vegetais. As matérias-primas normalmente precisam passar por tratamento prévio. As empresas continuam aperfeiçoando as enzimas necessárias para extrair açúcares complexos e derrubar o custo.

O fermento usual que quebra os açúcares simples não funciona com açúcares complexos, portanto, são necessários mais microorganismos avançados durante a fermentação.

O Departamento de Energia, decidido a tornar o etanol celulósico competitivo até 2012, concedeu US$ 385 milhões a seis empresas em 2007, para o desenvolvimento das primeiras usinas que transformem biomassa em combustível em grande escala. “O que interessa é quando o setor privado para esses empreendimentos decolará. E isso está um pouco longe”, disse Gustafson.

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