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Setor bioenergético pode se beneficiar com a chegada do Fiagro

Confira artigo de André Ito, sócio e gestor da MAV Capital

Setor bioenergético pode se beneficiar com a chegada do Fiagro

O Brasil é o maior produtor mundial do complexo sucroalcooleiro e as empresas que atuam por aqui começam a se beneficiar dos novos segmentos de investimentos.

Um exemplo disso são os Fiagros (Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais), que vem ganhando notoriedade nos últimos meses e podem ser um grande aliado deste setor ao abrir mais uma opção para os agricultores que buscam crédito no mercado para financiar suas produções.

O Brasil é o maior produtor mundial de cana-de-açúcar. Para se ter uma ideia, na safra 2020/21, foi responsável pela produção de 654,5 milhões de toneladas. Deste total, 41,2 milhões de toneladas foram destinadas à produção de açúcar e 29,7 bilhões de litros de etanol, conforme dados do IEA (Instituto de Economia Agrícola).

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Para a safra 2021/22, a preocupação do setor está com os custos de produção, impactados pelo aumento no preço do diesel e dos insumos, devido principalmente à guerra da Rússia com a Ucrânia. É neste cenário que o produtor passa a observar fontes alternativas de capital e o Fiagro ganha importância.

O fundo é visto como um benefício principalmente para o produtor que não tem acesso ao mercado de capitais. O fato é que a necessidade de capital para o setor aumentou muito com a alta dos juros, mas os bancos não elevaram tanto o limite de crédito para o agronegócio. O Fiagro aparece como uma importante alternativa de crédito ajudando essa ponta do mercado a se desenvolver.

Criado no ano passado, o Fiagro é uma junção dos recursos de vários investidores para a aplicação em ativos de investimentos do agronegócio, sejam eles de natureza imobiliária rural ou de atividades relacionadas a produção do setor. Cabendo ao administrador do fundo realizar a captação de recursos com os investidores por meio da venda de cotas.

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No caso do setor bioenergético, as operações são realizadas por usinas capazes de produzir tanto açúcar como etanol ao mesmo tempo. A valorização dos dois produtos nos últimos meses contribui para que este seja uma boa opção para quem quer diversificar os seus investimentos. Lembrando que nos últimos meses a alta no preço do barril do petróleo, impactada especialmente pela guerra entre Rússia e Ucrânia, contribuíram para o bom desempenho do etanol.

Do ponto de vista do retorno, o Fiagro traz uma rentabilidade de CDI + 5% ou 6%, em média e com a característica de que pode ser uma opção de investimento tanto para um perfil mais conservador quanto para os muito arrojados. E aos poucos os investidores começam a perceber os benefícios deste fundo. Já são quase 140 mil investidores, mostrando um crescimento exponencialmente mês a mês. Dados do mais recente Boletim Mensal da B3 (BVMF:B3SA3), que data de outubro, demonstra que o número de CPFs é quase 5 vezes maior que os 30,7 mil registrados no início deste ano.

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Com praticamente um ano desde a sua regulamentação pela CVM 39, a B3 já registra 24 fundos e o número deve dobrar em pouco tempo, se considerarmos os mais de 20 Fiagros registrados na CVM em fase pré-operacional. Os Fiagros são uma importante alternativa também para aqueles que buscam diversificar sua carteira no longo prazo, mas é também uma forma nova de captação para boas companhias com faturamento de até R$ 1 bilhão, consideradas pequenas para acessarem o mercado de capitais diretamente.

André Ito, sócio e gestor da MAV Capital

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