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Setor agrícola promete pressionar depois da posse da nova comissão

O setor agrícola brasileiro lamentou que os negociadores do Mercosul e da União Européia tenham perdido a oportunidade de fechar um acordo até 31 de outubro, quando expira o mandato da atual Comissão Européia.

“O encontro de ontem foi de confraternização. Não havia chance de consertar tudo em algumas horas de conversa”, disse o vice-presidente de assuntos internacionais da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil, Gilman Viana Rodrigues. Ele se refere ao encontro entre ministros dos dois blocos que ocorreu ontem em Lisboa.

Para Rodrigues, a oportunidade de concluir a negociação dentro do prazo não foi perdida ontem em Lisboa, mas no momento em que o Mercosul piorou sua oferta. O vice-presidente da CNA também considerou um erro entregar a proposta do bloco antes de receber a oferta da UE. Na última troca de propostas formais, o Mercosul estabeleceu preferência tarifária fixa para alguns produtos e reduziu a cota de automóveis que seria concedida à UE.

“O setor lamenta que foi perdida a oportunidade de um acordo. Mas temos que continuar negociando”, disse André Nassar, diretor-executivo do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (Icone), que é financiado por entidades de agronegócio.

O setor agrícola promete pressionar por um acordo depois da posse da nova Comissão Européia. Segundo Rodrigues, ainda é difícil saber se os novos negociadores europeus serão favoráveis ao acordo. Os sinais são desencontrados: enquanto alguns comissários parecem ser protecionistas, o presidente da nova comissão, José Manuel Durão Barroso, já demonstrou boa-vontade.

A UE é o principal importador dos produtos agrícolas brasileiros. Pelos cálculos do Icone, apenas as cotas oferecidas formalmente pela UE (que são inferiores às cotas ventiladas verbalmente pelos negociadores) poderiam gerar um ganho de 1,078 bilhão de euros ao setor.

Para a economista da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e uma das coordenadoras da Coalizão Empresarial Brasileira (CEB), Lúcia Maduro, o resultado da reunião de Lisboa demonstra que os europeus “tinham muita dificuldade para dar um passo adiante e melhorar as ofertas agrícolas”.

Ela acredita que os governos do Mercosul tomaram a decisão certa ao não reduzir as ambições. “É melhor seguir negociando do que fazer um mal acordo”, diz Lúcia, repetindo posição defendida pela indústria. O setor acreditava que estava pagando caro para um acordo em que o Brasil ganha pouco.

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